Nove países da América Latina elogiam assistência em saúde no Brasil
Em intercâmbio de três dias, gestores visitaram serviços em duas capitais e conheceram mecanismos de oferta de cuidados primários à população
O Programa Saúde da Família (PSF), principal estratégia de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), foi elogiado por representantes de nove países da América Latina que encerraram nesta sexta-feira (24) uma vista de intercâmbio ao Brasil. Representantes do Chile, Costa Rica, Equador, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela participaram de atividades de conhecimento, diagnóstico e análise de qualidade dos serviços de saúde, incluindo estratégias e mecanismos de gestão política.
Durante três dias, o grupo formado por gestores de políticas de Atenção Primária em Saúde conheceu experiências bem sucedidas em Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG). A visita foi acompanhada pelas equipes de atenção básica, vigilância sanitária e controle social das duas capitais. Eles conheceram unidades de Saúde da Família, conversaram com os agentes comunitários de saúde e também estiveram em serviços de saúde em áreas rurais, unidades de emergência e policlínicas.
“A experiência dos agentes comunitários de saúde é especialmente valorosa e pode se adaptar a diferentes realidades”, avaliou a representante do Chile, Maria Eugenia Chadwick Sendra. A panamenha Carolina Elizabeth Niles Splat, destacou a história da construção do SUS. “O conhecimento de como o Brasil atingiu tais conquistas tem uma importância ímpar para que possam reproduzir a experiência no meu país”.
No encontro, o Brasil apresentou a formação histórica do SUS e a evolução do Sistema, enfocando questões como composição do orçamento e controle social. “Os representantes ficaram especialmente entusiasmados com a proposta da Saúde da Família e dos Agentes Comunitários de Saúde, demonstrando interesse em adaptar algumas idéias apresentadas para a realidade de seus países”, disse o coordenador de Gestão da Atenção Básica do Ministério da Saúde, Núlvio Lermen Júnior.
Os gestores de saúde vieram ao Brasil por meio do projeto EUROsociAL, uma iniciativa da União Européia que promove troca de experiências entre países da América Latina com o objetivo de introduzir inovações na administração pública e reorientar políticas e programas sociais. O EUROsociAL trabalha com cinco setores prioritários: justiça, educação, saúde, receita e emprego. As atividades nas quatro primeiras áreas são coordenadas e executadas por consórcios de organizações públicas européias e latino-americanas. O setor emprego é coordenado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ministérios do Brasil participam de todas as áreas.
ESTRATÉGIA – Criado em 1993, o Programa Saúde da Família mudou o modelo de atenção básica no país, que passou a levar a saúde até a casa das pessoas, além de visitar escolas e creches. O trabalho é feito por uma equipe multidisciplinar, que promove a saúde com foco na prevenção em grupos de até 4 mil habitantes. As equipes são compostas por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de seis a dez agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental.
Com o programa, houve redução no movimento nas emergências dos hospitais e nos problemas de saúde, melhorando os indicadores de saúde do Brasil. Um deles é o índice de mortalidade infantil, que caiu quase 50% entre 1993 e 2006, passando de 40,2 óbitos por mil nascidos vivos para 20,4, respectivamente.
Quando o PSF começou, a população beneficiada era de 1 milhão de pessoas. Em 1998, passou para 10 milhões e, em dezembro de 2008, saltou para 90 milhões. Hoje, são mais de 29.275 Equipes de Saúde da Família, 17.818 mil Equipes de Saúde Bucal e 227.722 agentes comunitários.
Do Ministério da Saúde