Novo carro popular vai custar entre R$ 50 mil e R$ 60 mil e deverá consumir somente etanol

Proposta interessa a montadoras e revendedores, mas depende de mudança na tributação

A volta do carro popular é o principal tema da indústria automotiva neste momento. A ideia agrada tanto a revendedores –ansiosos pela retomada do movimento nas lojas– como a montadoras. O assunto está sendo analisado pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). O plano é lançar modelos movidos apenas a etanol, que custarão entre R$ 50 mil e R$ 60 mil.

Os motores deverão ser os mesmos 1.0 utilizados atualmente, mas com ganhos em desempenho e consumo. A escolha do combustível está relacionada a metas de descarbonização. Se os carros forem flex, o mais provável é que os consumidores priorizem a gasolina na maior parte do país, devido à relação entre a autonomia e o preço praticado nas bombas. A proposta é oferecer um produto com maior apelo ambiental e, dessa forma, costurar uma categoria de tributação exclusiva, adequada ao novo arcabouço fiscal.

Uma das possibilidades é substituir a nomenclatura “carro popular” por “carro verde”. Será necessário fazer um trabalho junto ao público-alvo para mostrar as vantagens do etanol e exorcizar antigos fantasmas, como o medo do desabastecimento e a disparada repentina dos preços. O grupo Stellantis, que reúne as marcas Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot e RAM, é o mais animado com o tema. A empresa trabalha há tempos com a possibilidade de relançar carros movidos somente a álcool, além de oferecer opções híbridas.

A companhia anunciou na sexta-feira, 31, o projeto Bio-Electro, que estabelece parcerias para acelerar o desenvolvimento de veículos que combinam eletricidade e etanol. Antonio Filosa, presidente do grupo na América Latina, tem insistido no combustível de origem renovável. Caso o projeto seja posto em prática, é provável que a companhia corra para repetir o êxito obtido em 1990 com o Uno Mille.

Da Folha de São Paulo