Novo mínimo garantido pelo governo deve injetar R$ 27 bilhões na economia, diz Dieese
A medida provisória que autoriza o aumento dos atuais R$ 415 para R$ 465 a partir de 1 fevereiro pode ser assinada nos próximos dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O reajuste de 12% no salário mínimo nacional deve injetar cerca de R$ 27 bilhões na economia em 12 meses, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os cálculos, feitos pela entidade levam em consideração um contingente de mais de 43 milhões de pessoas que têm seu rendimento referenciado no mínimo.
A medida provisória que autoriza o aumento dos atuais R$ 415 para R$ 465 a partir de 1 fevereiro pode ser assinada nos próximos dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo sindicalistas que participaram de reunião com o governo na segunda-feira (19). “É uma boa notícia em tempos de turbulência. Trata-se de mais um elemento anticíclico da crise”, comenta do coordenador de educação do Dieese, Nelson Karan.
Se confirmado, o novo valor garantirá um ganho real de quase 6%, o maior desde 2006, quando o aumento foi de 13,04%. No ano passado, essa variação foi menor, de 4%, com reajuste nominal de 9,21% e inflação de 4,98%, de acordo com dados do Dieese.
A combinação de aumento maior do salário mínimo e taxas menores de inflação deve evitar uma forte desaceleração do rendimento de 2008 para 2009. O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, prevê uma expansão de 2% para o rendimento do trabalho neste ano, após alta de 2,6% em 2008.
“Além disso, o período de competência do mínimo será antecipado de março em 2008 para fevereiro neste ano. Será um valor maior sendo pago antes”, afirma. A expectativa é ainda de uma redução da pressão inflacionária neste ano. Após elevação de 5,9% no ano passado, o IPCA deve encerrar 2009 com uma alta de 4,8%.
Política de valorização
Com a elevação em 2009, o ganho real acumulado de abril de 2002 a fevereiro deste ano deve chegar 45%, resultado de um aumento nominal de 132% e uma inflação de 60%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), segundo Karan.
O coordenador do Dieese afirma que a valorização do mínimo decorre das negociações feitas entre centrais sindicais e governo. Em 2007, ficou estabelecido que o salário mínimo passaria a ser reajustado pela inflação e o aumento pela variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Além disso, a política prevê a antecipação da data base de sua correção, a cada ano, até ser fixada em janeiro, o que acontecerá em 2010.
“Em 1995, o salário mínimo comprava uma 1,02 cesta básica. No ano passado, ele correspondia a 1,74 cesta. É uma diferença importante no poder de compra”, afirma Karan.
Do Portal Terra