O 1º de maio e a abolição
Além ser um dos últimos países do mundo a reconhecer o direito do negro à liberdade, o Brasil nada fez para proporcionar aos descendentes de africanos alguma condição de sobrevivência.
E não eram poucos. Segundo escreveu o antropólogo Darcy Ribeiro no livro O Povo Brasileiro, de 1568 a 1859 foram vendidos como escravos e trazidos à força para o Brasil, cerca de 6 milhões de negros.
No início do século 19 estava claro que não seria possível manter por muitos anos a escravidão. Os ideais da Revolução Francesa (1789): “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, ganhavam cada vez mais adeptos, inclusive no Brasil. O capitalismo estava provando, na prática, que o trabalho assalariado rendia mais. Estados Unidos e Europa iniciavam a segunda revolução industrial e a classe trabalhadora se organizava por melhores condições de vida.
Dois anos depois do massacre de Chicago, que deu origem ao 1º de Maio, foi abolida a escravidão no Brasil. Foi no dia 13 de maio de 1888. O que aconteceu depois?
Sem terra, sem dinheiro, sem ter onde trabalhar, os negros foram aos milhares para as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e outras. Sem saber como funcionava a vida na cidade e sem experiência de trabalho de fábrica, os negros acabaram pegando os piores empregos, os piores lugares de moradia ou nem isso. Foi o que receberam depois de terem trabalhado 250 anos produzindo riquezas para os senhores do engenho e das terras.