O banqueiro de outro escândalo de FHC desembarca hoje

Salvatore Cacciola chega ao Brasil para responder processo por rombo de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.

Salvatore Cacciola,
ex-dono do Banco Marka,
chega hoje ao Brasil na
expectativa de dois habeas
corpus. Um para não ser
algemado na hora que descer
do avião. Outro para
responder seu processo
em liberdade.

A algema, segundo
seu advogado, fere um direito
humano. Há 10 anos,
quando obteve um habeas
corpus, Cacciola fugiu do
Brasil.

Ele saiu ontem de Paris,
vindo de Mônaco, depois
de ter sua extradição
autorizada pelo governo
local.

Mutreta – O banqueiro é protagonista
de um dos maiores
escândalos do Brasil, ocorrido
no governo FHC.

Em janeiro de 1999, o
Banco Central (BC) elevou
a cotação do dólar. Naquele
momento, o banco
de Cacciola tinha aplicado
no mercado futuro muito
mais do que podia pagar.
Com a alta do dólar,
Cacciola não teve como
honrar os compromissos
e pediu ajuda ao BC.

Francisco Lopes, presidente
do BC na época,
autorizou a ajuda e vendeu
dólar mais barato ao
Marka e ao FonteCindam,
o que causou um prejuízo
de R$ 1,5 bilhão aos cofres
públicos.

Perna curta – Dois meses depois,
testemunhas vazaram o
caso alegando que Cacciola
comprava informações
privilegiadas do BC e sabia
com antecedência que o
dólar seria desvalorizado.
Sem explicações, Lopes
pediu demissão.

O caso foi alvo de
uma CPI e no início de
2000 o banqueiro foi preso.
Ele ficou na cadeia 37
dias, mas fugiu no mesmo
ano depois de receber liminar
do ministro do Supremo
Tribunal Federal,
Marco Aurélio Mello.