O bode chinês na sala da indústria automotiva global
O discurso de nove em dez executivos, de que a China fez uma jogada inteligente ao exigir que empresas ocidentais criassem joint-ventures com empresas nacionais, dando acesso a conhecimento industrial que está sendo utilizado agora em suas marcas, é cortina de fumaça para encobrir algo que não querem assumir: essas mesmas empresas ocidentais passaram décadas ganhando muito, mas muito dinheiro no mercado chinês subestimando a capacidade de seus parceiros.
Agora, com a perda de participação, faturamento, e o pior, lucratividade na China, um movimento sem volta, seus líderes colocaram esse bode na sala. Basta circular por Xangai, o centro financeiro do país, ou Hangzhou, um dos vales do silício chinês, para perceber que as marcas nacionais já ultrapassaram seus concorrentes ocidentais em qualidade, design e na preferência do consumidor.
Não é apenas a eletrificação da mobilidade que diferencia as fabricantes chinesas das ocidentais, mesmo que a China seja o principal polo de desenvolvimento e fabricação de baterias, o item mais importante desse tipo de mobilidade. Tampouco o investimento pesado do governo chinês no desenvolvimento de suas empresas do setor automotivo, algo que foi planejado nas últimas três décadas e a respeito do qual todos os outros players internacionais sabiam muito bem.
O diferencial é que a indústria automotiva chinesa olha para o futuro e trabalha para criar soluções e um ambiente propício para que novas tecnologias sejam aplicadas rapidamente em produtos e adotados pelos seus clientes. Um bom exemplo é a inteligência artificial, que muito em breve tomará decisões e comandará as ações de quase todos os sistemas eletrônicos de um veículo, coisa que a indústria ocidental disse que faria mas recolheu suas iniciativas à garagem.
Da AutoData