“O Brasil é indígena e por isso a luta é nossa também”
Metalúrgicos do ABC se solidarizam aos povos originários e repudiam o descaso do governo passado que ceifou muitas vidas do povo Yanomami
Mais que uma crise humanitária, um genocídio. É desumana a situação dos indígenas da etnia Yanomami na zona rural de Boa Vista, em Roraima. Os Metalúrgicos do ABC se solidarizam ao povo indígena que nos últimos anos sofre com a presença de garimpeiros, falta de comida, contaminação da água e falta de políticas públicas.
Há registros de casos graves de desnutrição, mortes por doenças evitáveis, agressão e até violência sexual. O garimpo ilegal e a falta de compromisso do governo anterior no combate à atividade são apontados como as principais causas do cenário.
“Organizações sociais, movimentos populares e sociedade civil denunciaram ao governo anterior o descaso, que simplesmente ignorou os fatos, mas as imagens mostram a realidade. Como negar essas provas? Com os descasos às minorias, com ódio à população. O ex-presidente da República nunca escondeu o anseio em exterminar o povo indígena”, afirmou o vice-presidente do Sindicato, Carlos Caramelo.
O dirigente lembra que o Sindicato foi favorável, em 2021, à manifestação contra a PL 490/07, projeto que sugeria a mudança de demarcação da terra indígena. “A falta de respeito aos povos originários deturpa a história, pois o Brasil é indígena e por isso a luta é nossa também”.
“Outro exemplo de crise humanitária no país aconteceu durante a pandemia da Covid-19, que teve o mesmo desprezo à população brasileira, característica daquele governo que não protegeu nem cuidou do seu povo e vitimou 696 mil pessoas até o momento”, criticou.
Emergência
Após denúncias, o presidente Lula foi ao estado no último sábado, dia 21, para ver de perto a tragédia vivida pelo povo Yanomami. “Não vai mais existir garimpo ilegal. Eu sei das dificuldades de tirar o garimpo ilegal. Sei que já se tentou e eles voltam. Mas nós vamos tirar” disse Lula durante a visita.
O Ministério da Saúde decretou estado de emergência para “planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem empregadas” para reverter as consequências da falta de assistência sanitária. A portaria foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, na noite da última sexta-feira, dia 20. Servidores do SUS (Sistema Único de Saúde) estão desde segunda-feira, dia 23, na Terra Indígena Yanomami para força-tarefa de atendimento à população.
O governo informou que pelo menos 570 crianças morreram de desnutrição, diarreia e outras causas evitáveis nos últimos quatro anos. Somente dos dias 24 a 27 de dezembro passado foram três óbitos registrados. Em 2022, foram mais de 11,5 mil casos de malária detectados na região.