“O Brasil voltou”

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, destaca os principais pontos da ida à China e a sensação de que o país retomou o protagonismo no mundo

Foto: Ricardo Stuckert

O presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, acompanhou a comitiva do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem à China na última semana. Brasil e China assinaram 15 acordos bilaterais que representam cerca de R$ 50 bilhões em investimentos em diversas áreas. 

Com embarque no dia 11, também representaram os interesses da classe trabalhadora os presidentes da CUT, Sérgio Nobre, da Força, Miguel Torres, e da UGT, Ricardo Patah. Moisés contou que, apesar de a viagem ter sido curta, sendo mais de 30 horas de duração tanto para ir quanto para voltar, foram diversos acontecimentos importantes para a classe trabalhadora e para o país.

Banco dos BRICS

Em Xangai, a comitiva participou da posse de Dilma Rousseff na presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como “Banco dos BRICS”, bloco formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Outros países, como Bangladesh e Emirados Árabes, passaram a integrar o bloco, além de outros postulantes em andamento.

“São países que representam mais da metade da população do mundo. O banco visa atender os países em desenvolvimento. Podemos elaborar e cobrar do poder público projetos que tragam benefícios ao Brasil, em áreas como saneamento, meio ambiente e políticas de geração de emprego”, reforçou.

Desenvolvimento 

Em Pequim, foram realizadas agendas com empresários. “Diversas empresas nos procuraram querendo investir no Brasil. Falei muito da nossa região e da importância logística do ABC. Deixamos claro que elas são bem-vindas, desde que produção seja feita aqui. Não nos interessa montagem em CKD, por exemplo, é preciso trazer pesquisa, desenvolvimento, transferência de tecnologia. Essa é uma condição sine qua non, ou seja, ela é indispensável para os investimentos aqui”, defendeu Moisés.

Também foram realizadas conversas com a federação dos sindicatos chineses. “Destacamos que é importantíssimo o governo brasileiro fechar acordos comerciais com a China, mas também que as empresas chinesas saibam que os investimentos devem estar dentro de parâmetros como a livre organização dos trabalhadores e as questões do meio ambiente”.

“Falamos do exemplo da legislação alemã, as empresas instaladas no mundo e toda sua cadeia de fornecedores têm que respeitar uma série de condições. É preciso que seja uma relação permanente, temos que criar condições de fazer a integração entre os sindicatos do Brasil e da China”, contou.

Foto: Ricardo Stuckert

Grande Palácio do Povo

O encontro com o presidente da China, Xi Jinping, foi no Grande Palácio do Povo, sede do governo, com a assinatura dos acordos com o presidente Lula.

“Nós, do movimento sindical, deixamos uma lembrança, uma mini escultura de Brasília vista de cima, ao presidente Xi Jinping, que se mostrou uma pessoa extremamente aberta e educada. Ele disse a todo momento que a China tem disposição de ajudar o Brasil no crescimento do país”.

Indústria

O presidente do Sindicato ressaltou que, mesmo nas agendas próprias do presidente da República, Lula a todo momento colocou a questão da indústria nacional.

“O presidente, em todas as oportunidades que teve, colocou as nossas pautas. Agora é dar continuidade, lembrando sempre que a China é o primeiro parceiro comercial do Brasil, não é inteligente maltratá-la como foi no governo passado. Tanto nos BRICS, na China e em Abu Dhabi, no retorno para o Brasil, o sentimento que tínhamos é que o Brasil voltou”, concluiu.