“O caminho para avançarmos contra ações da extrema-direita é a educação política”, diz Frei Betto
O frade dominicano participou de debate na Sede após exibição do documentário sobre sua trajetória

Após a primeira exibição pública do documentário “A obra humanista de Frei Betto”, na terça-feira, dia 28, o frade dominicano Frei Betto apontou durante debate na Sede o caminho para avançarmos contra ações da extrema-direita: a educação política. “Se não fizermos o trabalho de formação política nos próximos quatro anos, corremos o risco de jogar o Brasil em muitas décadas de terror, seja militar, repressivo, da miséria”, afirmou.
Para Frei Betto, além de formar, o governo do presidente Lula precisa ser eficaz para conseguir reduzir a miséria, a desigualdade, preservar o meio ambiente, dentre tantas outras ações. “Hoje vivemos um momento especial e desafiador. Especial porque depois de quatro anos de neofascismo, conseguimos virar o jogo e Lula foi eleito presidente. Desafiador porque temos muito pouco tempo, como o próprio Lula disse recentemente, para recuperar o terreno perdido”.

O frade lembrou ainda os anos que trabalhou em parceria com o Sindicato e a Pastoral Operária entre as décadas 1970 e 1980. “Nós nos reuníamos para almoçar e, à mesa, percebíamos se o país estava melhor ou em crise. Quando estava melhor tinha carne, quando não estava, faltava. Então era realmente um termômetro da conjuntura a partilha do lanche da Pastoral Operária”.

“E aqui no Sindicato o meu primeiro trabalho foi no Fundo de Greve, quando o Gilson Menezes era o responsável, depois o Djalma Bom. O Fundo de Greve era organizado na Praça da Matriz, no Centro de São Bernardo, na Igreja. Logo, Dom Cláudio Hummes decidiu abrir a igreja às reuniões sindicais, já que o Sindicato estava sob intervenção”, contou.
Intervenções
Emocionado, o ex-diretor do Sindicato Djalma Bom afirmou que dificilmente encontraria palavras para falar da gratidão e respeito que os metalúrgicos têm por Frei Betto.
“Conheci Frei Betto em julho de 1979. Tudo era proibido: participar, reivindicar, deliberar e, acima de tudo, fazer greve. Vivemos um dos momentos mais cruéis do nosso país, a ditadura militar. Somente o Sindicato sofreu quatro intervenções nesse período: 1964, 1979, 1980 e 1983. A classe trabalhadora e o movimento sindical foram também grandes vítimas dos crimes praticados por esse regime”.
Documentário
O documentário é um média-metragem, com 25 minutos de duração e resgata o humanismo através da história de Frei Betto.

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, apontou que o filme tem vários significados. “Um deles é história de Frei Betto junto a classe trabalhadora para que possamos ter uma sociedade mais justa e fraterna. Outro é a cultura como parte da cesta básica do trabalhador, pois sabemos como é difícil o acesso à arte, que é uma força soberana do nosso país”.