O comportamento do setor automotivo em 2022: mercado ainda restrito
Na semana passada, a Anfavea divulgou os resultados da indústria automobilística no fechamento do terceiro trimestre.
Com a redução das paralisações das fábricas em função da falta de insumos, o terceiro trimestre ampliou a produção de veículos leves e pesados, com 665 mil unidades frente a 596 mil unidades do trimestre anterior, alta de 12%.
Em relação às vendas, que somaram 585 mil unidades no trimestre, houve elevação de 14,3% sobre o trimestre anterior, conjugando-se uma retomada da demanda com a maior capacidade de oferta do setor.
Segundo a Anfavea, o pior momento da crise de abastecimento se deu no primeiro semestre. Na segunda metade do ano, mesmo que o abastecimento dos semicondutores ainda não tenha voltado ao regime normal, a expectativa é de melhora, com perspectiva de alcançar 2,1 milhões de unidades vendidas.
Se é verdade que a oferta se recupera nos últimos meses, quando olhamos para os dados de crédito, as projeções de futuro preocupam. A taxa de juros está em 27% ao ano na melhor das hipóteses, e a curva segue com tendência de alta.
Essa condição impõe limites relevantes de acesso ao crédito: temos atualmente um perfil de transações no mercado automotivo com maior peso das vendas à vista (65%), diante das compras de veículos a prazo (35%). O dado é claro em mostrar que no Brasil quem está comprando veículos são os frotistas e uma pequena parcela da população de renda mais elevada.
Se é cabível o debate sobre que tipo de veículo vamos produzir, é muito importante também debatermos se a população e os trabalhadores, inclusive aqueles que produzem esses carros -sejam eles a combustão, híbridos ou elétricos – terão condições de comprá-los.
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