O confinamento no trabalho (2º Parte)
Até quando a sociedade do confinamento estará disposta a arcar com o enorme custo social dessa opção?
A partir da experiência das manufaturas, a produção de bens passou a ser uma atividade confinada a espaços próprios, geralmente de propriedade daquele que detinha o capital, os meios produtivos, tecnologia e matéria prima.
Porém, a partir de Taylor e Ford, há pouco mais de um século, começamos a experimentar o confinamento na sua mais completa forma de domínio e alienação.
Sob a nova forma produtiva, os trabalhadores foram expropriados do “poder sobre o fazer”, ou seja, da sua opção quanto ao como, quando, quanto, onde e o que fazer.
Sofrimento e adoecimento
Inúmeros autores concordam que essa falta de poder para pensar e decidir o seu próprio trabalho está na raiz do sofrimento no trabalho, que pode levar ao adoecimento e à alienação.
Aos trabalhadores, confinados física e psiquicamente em ambientes hermeticamente planejados e sem quase nenhum controle externo, resta apenas desempenhar o papel que lhes foi designado, sem pensar e sem reclamar, sujeitos aos superiores hierárquicos, também trabalhadores cujo papel é fazer cumprir as normas internas e as metas próprias de cada organização.
Os fins justificam os meios
Lá fora, a sociedade satisfeita com os resultados produtivos que abastecem e atendem as demandas daqueles que têm acesso ao consumo, pouco se importa com aquilo que se passa no espaço confinado das empresas. Mesmo os órgãos de controle público têm pouca interferência no “mundo do trabalho”. Justifica-se a exploração!
Mas a satisfação está diminuindo na medida em que é cada vez maior o custo social dos milhões de vítimas desse processo. As doenças do trabalho, hoje mais do que nunca, caras, complexas e graves, vão fazendo despontar alternativas ao confinamento. Esse será o tema da próxima semana.
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente