O contexto familiar X a instituição escola
A proximidade do final de ano traz para pais, estudantes e educadores a tarefa de vivenciar um período que envolve a escolha da escola, as provas, as rematrículas, as notas, o vestibular, o bom ou o mau desempenho de alunos, dos professores e da escola.
Os descontentamentos que podem acompanhar este período, ou seja, a avaliação ruim, a vaga na universidade que não foi alcançada, a criança que não está alfabetizada e a frustração dos professores trazem consigo uma velha questão: de quem é a culpa?
Um recente estudo promovido pela Fundação Itaú Social concluiu que o contexto familiar responde por 70% do desempenho escolar, tanto positivo, quanto negativo. Pesquisadores do MEC apontam como fatores principais do desenvolvimento satisfatório do aluno o nível de escolaridade dos pais, a renda familiar, o tipo de moradia e o acesso aos bens culturais.
Para o professor de sociologia da faculdade de Filosofia da USP, José de Souza Martins, o problema da aprendizagem está no descompasso entre a escola e as famílias e não ao contrário. “Se a escola existe justamente para suprir carências educativas e culturais, que escola é essa que reclama da família dos alunos?”, pergunta o professor.
Suas argumentações retratam uma preocupação quanto a necessidade de buscarmos identificar e superar graves defeitos históricos na educação brasileira. Uma educação que foi implantada para catequizar, que desconsiderou a cultura, os costumes e a tradição dos que já estavam por aqui.
O fato é que o desejado diálogo entre pais e escola, que poderia se constituir num importante mecanismo para a renovação da educação brasileira, ainda é muito frágil e necessita, portanto, do incentivo e acompanhamento de toda a sociedade.
Um compromisso dos gestores públicos, dos pais, dos teóricos da educação, dos jovens, professores e crianças que vêem a luta pela cidadania como uma fronteira em movimento.
Departamento de Formação