O Cristo Redentor de pedra sabão

Quem visita o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, sequer pode imaginar que na jazida de onde aflora a pedra-sabão ou minério de talco do qual ele é construído há crianças de até cinco anos de idade trabalhando como cargueiros humanos, carregando pedras de um lado para outro (algumas com mais de 20 quilos) e respirando poeira mortal.

A empresa OPPS (Ouro Preto Pedra Sabão), que realizou a restauração do Cristo Redentor em 1990 e que utiliza mão-de-obra infantil, é uma das maiores exportadoras deste minério para o mercado europeu e norte-americano e explora jazidas localizadas na cidade histórica de Ouro Preto.

Pouco caso

O coração da jazida fica num vilarejo miserável conhecido por Mata dos Palmitos. Segundo a Revista Observatório Social, de janeiro de 2006, a principal vocação deste vilarejo é servir de entreposto para empresas e atravessadores que não se importam de onde vêm a pedra, de como ela é tirada e de como anda a saúde de quem a minerou.

Na lista de empresas que compram talco de fornecedores que utilizam mão-de-obra infantil, figuram nomes conhecidos como Tintas Suvinil, pertencente Basf, Tintas Coral e Faber Castell. O mais irônico é que estas multinacionais têm amplos programas de responsabilidade social empresarial proibindo a compra de matéria-prima de empresas que usam trabalho infantil.

E os lápis de cores produzidos pela Faber Castell provavelmente não irão colorir os desenhos das crianças de Mata dos Palmitos.

Subseções Dieese do Sindicato e da CUT Nacional