8 de Março – Dia Internacional da Mulher. Data de reflexão, resistência e luta para as Metalúrgicas do ABC

Na nossa base tivemos importantes conquistas, mas ainda há muito o que fazer no conjunto da categoria

Nesta sexta-feira, 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher, um dia de refletir sobre as conquistas das mulheres que nunca desistiram da luta pela equidade de gênero. Na nossa categoria tivemos importantes conquistas em muitas empresas, como o auxílio-creche, e auxílio-maternidade de 180 dias e igualdade salarial para igual função em algumas empresas. Sobre este último ponto, embora tenhamos conquistas importantes em algumas fábricas, ainda há muito o que fazer no conjunto da categoria, pois as metalúrgicas do ABC recebem 24,9% a menos que os homens, conforme apontou a pesquisa elaborada pela Subseção do Dieese divulgada na Tribuna de quinta-feira, dia 7.

Temos o desafio permanente de trazer as mulheres para participarem das ações do nosso Sindicato. Desde que o Coletivo de Mulheres foi criado no I Congresso da Mulheres Metalúrgicas, em janeiro de 1978, perseguimos esse objetivo de aumentar a participação das mulheres tanto na militância como na direção do nosso Sindicato. Temos orgulho de contarmos com companheiras guerreiras e comprometidas com a defesa dos interesses da classe trabalhadora, que participaram e participam do Coletivo de Mulheres e da Direção tanto do Sindicato como nas instâncias e na CUT.

Mas o “8 de Março” também deve ser um momento de reflexão para avaliarmos os retrocessos dos últimos anos em relação às pautas históricas nessa longa trajetória de luta, como o combate à violência contra as mulheres. Mais de dois anos após o início da pandemia de Covid-19, a violência de gênero continua sendo um desafio contínuo para a sociedade brasileira. Embora algumas regiões tenham diminuído o número de feminicídio em 2023, a região Sudeste teve 273 casos, sendo que apenas em São Paulo foram 111 registros, o que significa o alarmante aumento de 33,7%.

Em períodos de crise econômica, as mães solo são as mais afetadas. No Brasil, elas formam um contingente de 11 milhões, sendo que 61% são negras e 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza. Quanto mais vulnerável socialmente, maiores são as dificuldades de reinserção no mercado de trabalho e também ficam mais expostas à violência. Portanto, temos o racismo e o machismo estrutural discriminando duplamente as mulheres negras.

Muitas das que trabalham em home office acumularam tripla jornada, abalando a saúde física e mental e são frequentemente diagnosticadas com crise de ansiedade, síndrome de pânico, distúrbio alimentar e baixa estima.

Essa estruturação cotidiana do preconceito se reflete na pequena presença das mulheres e mais ainda das mulheres negras nos cargos públicos, nas estruturas de poder no judiciário e no legislativo, nas instituições privadas e nos movimentos sociais. Por isso, sabemos que não é fácil trazer as mulheres para o mundo sindical, principalmente como militantes e dirigentes.

Temos uma longa batalha pela frente diante de tantos obstáculos impostos ao empoderamento, mas nós, do Coletivo das Mulheres Metalúrgicas, não desistiremos. Nosso Sindicato tem um profundo compromisso com a democracia e com a emancipação da classe trabalhadora e pressupõe que a diversidade da categoria tem que estar contemplada no fazer cotidiano e nas suas estruturas de decisão.

As metalúrgicas do ABC ajudaram a construir a bela história de lutas e conquistas da categoria e assim o fazem no presente e farão no futuro.

Coletivo das Mulheres Metalúrgicas do ABC