O direito de representação sindical
Difícil imaginar que em pleno século 21, numa das regiões mais desenvolvidas do País, onde as relações trabalhistas ganharam padrão internacional, onde a organização sindical é considerada modelo, a maior empresa tenha voltado a utilizar práticas de um passado que parecia distante.
Pois a Volkswagen preferiu abandonar a mesa de negociação com o Sindicato e com a representação no local de trabalho, passando a ameaçar e punir trabalhadores. Essa é a triste realidade que a imprensa vem divulgando nos últimos dias.
Tudo começou quando os trabalhadores perceberam que o crescimento da produção vinha ocorrendo a custa de horas extras e do aumento do ritmo de trabalho, quando poderia a empresa promover a contratação de novos empregados. Na negociação coletiva, a Volks deixou claro que não contrataria e fechou as portas.
O Sindicato comunicou que um movimento de greve poderia ser iniciado. Como a empresa não retornou ao processo negocial, o movimento começou. A greve, denominada “caixinha de surpresas”, ao invés de abranger toda a produção, foi feita por setores a cada dia. Essa verdadeira surpresa causou a ira da direção da Volks, que passou a punir os representantes sindicais dentro da fábrica, com suspensões diárias.
Com total arbitrariedade e retrocesso, ao invés de contratar trabalhadores para linha de produção, a Volks contratou seguranças para tentar impedir a ação sindical no chão da fábrica. Esses “bate-paus” intimidam e ameaçam as lideranças e os trabalhadores grevistas.
A atitude lamentável da Volks fere a Convenção nº 135 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a própria organização do trabalho, caracterizada como prática anti-sindical. O Ministério Público do Trabalho, atento a isso, chamou as partes para uma conversa. Com certeza, nosso Sindicato não irá se calar.
Departamento Jurídico