O dirigente como educador
Um dos principais teóricos do movimento operário do século passado foi Antônio Gramsci. Viveu grande parte de sua vida nas prisões do regime fascista italiano, onde escreveu os célebres Cadernos do Cárcere.
É dele a expressão: todo dirigente é um educador. A afirmação está carregada de um precioso significado político e simbólico. Mal interpretada, pode dar origem não só a uma confusão teórica, como a uma ação política inconsequente e espontaneísta.
Com certeza, ele não estava dizendo que o trabalhador é, em si, um dirigente, da mesma forma como estava claro para ele que o trabalhador, ao se tornar dirigente, passa a ser também um educador.
Processo
O trabalhador se torna dirigente, da mesma forma que um dirigente se torna formador.
Tornar-se dirigente é um longo processo que combina a vivência de lutas imediatas, na fábrica, e lutas históricas pela transformação da sociedade.
Ao longo dessa trajetória, vão se forjando os elementos de uma ética e de uma consciência de classe que conferem ao dirigente o papel de educador.
Nesse processo confluem e se misturam, nem sempre numa síntese isenta de conflitos, elementos subjetivos de uma trajetória e tempo de vida individual (a vivência familiar, projetos de vida, por exemplo), com elementos objetivos, de um tempo histórico (a militância, o projeto político, a utopia).
Em outras palavras, o dirigente como educador não é uma característica inata, uma qualidade intrínseca do trabalhador, mas um potencial desenvolvido como resultado de uma singular experiência de vida.
Departamento de Formação