“O governo tem acertado na condução da economia, mas o Banco Central precisa agir a favor do Brasil”

Sindicato celebra avanço no emprego, mas alerta que juros altos freiam crescimento e podem limitar novos postos de trabalho

Foto: Adonis Guerra

O Brasil registrou no segundo trimestre de 2025 a menor taxa de desemprego desde o início da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 2012. A desocupação recuou para 5,8%, reflexo direto do aquecimento da economia, da reativação do mercado de trabalho e da geração de empregos formais. Os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados no último dia 31, confirmam a trajetória de recuperação que o país vem apresentando nos últimos dois anos.

O número de pessoas ocupadas subiu para 102,3 milhões, com 1,8 milhão de trabalhadores a mais em relação ao trimestre anterior. Pela primeira vez, o país alcançou a marca histórica de 39 milhões de empregados com carteira assinada no setor privado. Já o contingente de desempregados caiu 17,4%, chegando a 6,3 milhões de pessoas.

Para o diretor executivo do Sindicato, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, os números são motivo de comemoração, mas ainda insuficientes diante dos desafios estruturais. “O desemprego vem caindo, o que mostra que a atividade econômica está no rumo certo. A demanda por produção aumentou e, com isso, as empresas voltaram a contratar. A consequência natural é a redução do desemprego. Agora, o desafio é manter esse ciclo virtuoso em movimento”, afirmou.

Selic

Foto: Adonis Guerra

Entre os principais obstáculos, Luizão aponta a política de juros altos do Banco Central. Desde setembro de 2024, a taxa Selic subiu sete vezes consecutivas e está em 15%, o maior nível desde 2006. Para ele, essa decisão freia o crescimento e impede que o país alcance resultados ainda mais expressivos. “Hoje, os juros elevados inibem a produção porque encarecem demais o crédito. Muitas empresas dependem desses recursos para manter e expandir suas atividades. Se a taxa estivesse em patamares mais razoáveis, com certeza teríamos números ainda melhores no emprego. O governo tem acertado na condução da economia, mas o Banco Central precisa agir a favor do Brasil e não dos especuladores”, criticou.

A proporção de trabalhadores sem carteira assinada ou atuando por conta própria, sem registro formal, atingiu o nível mais baixo desde o segundo trimestre de 2020. Segundo o dirigente, embora os indicadores mostrem avanços, o cenário ainda exige atenção. Ele lembra que a geração de trabalho formal e protegido poderia ser ainda maior se a taxa básica de juros não estivesse em patamar tão elevado.

Rendimento

Outro destaque do trimestre foi o aumento no rendimento médio do trabalhador, que alcançou R$ 3.477, o maior da série histórica. A massa de rendimentos também bateu recorde, chegando a R$ 351,2 bilhões, o que fortalece o consumo, estimula a produção e contribui para o desenvolvimento econômico.