O grito de independência dos excluídos
Nesta semana, ficamos chocados ao assistirmos um vídeo de um produtor rural de Itapeva, no interior paulista, que após entregar uma cesta básica a uma senhora perguntou em quem ela votaria e, ao responder-lhe que votaria no candidato Lula, ele grosseiramente retrucou que ela pedisse a cesta ao Lula na próxima vez porque aquela seria a última entregue por ele.
Esse episódio, além de caracterizar crime eleitoral e assédio moral, mostra como certos setores, que se julgam acima da lei e apostam na impunidade, pensam e agem em relação aos mais vulneráveis. A senhora foi ofendida e “punida” por expressar livremente a sua posição política. Ou seja, para esse proprietário, os pobres não têm direito à cidadania política mais elementar – escolher o seu próprio representante de forma livre e autônoma.
Passados 200 anos da nossa independência, as marcas da cidadania para poucos, que estiveram presentes na fundação do Estado nacional brasileiro, ainda permanecem vivas na sociedade.
Precisamos continuar avançando para que o exercício da cidadania política de forma livre e independente seja uma realidade para toda a população. No entanto, esse episódio não ficou invisível.
A mulher humilde, Ilza Ramos de Oliveira, a Dona Ilza, 52 anos, que trabalha como faxineira, tornou-se símbolo de dignidade e altivez diante do autoritarismo, da manipulação política e da discriminação social no nosso país. Os milhões de brasileiros representados na figura da Dona Ilza estão ensaiando, talvez, o mais importante grito da independência do povo brasileiro no dia 2 de outubro próximo.
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