O leão do IR e os nossos salários
Hoje acaba o prazo do governo para entrega das declarações de Imposto de Renda de Pessoa Física. O que se vê é que cada vez mais os trabalhadores passam a pagar o imposto, mesmo que com baixa capacidade contributiva, princípio contrário à própria Constituição Federal, que garante que os tributos devem ser graduados conforme a capacidade econômica do contribuinte.
Segundo estudo do SINDIFISCO (Sindicato dos Auditores Fiscais), apesar de promessas contrárias, o governo Bolsonaro havia acumulado uma defasagem de 24% somente até março deste ano, a maior já medida em todos os últimos governos.
A última correção da tabela do Imposto de Renda aconteceu durante o governo Dilma Rousseff, em 2015, e desde então a defasagem atinge 50%. Sendo assim, os trabalhadores deveriam ser isentos com renda abaixo de R$ 2.856 e não de R$ 1.904, de acordo com cálculos da Subseção Dieese no nosso Sindicato.
De fato, um trabalhador sem dependentes e com renda mensal de R$ 3.000, paga hoje R$ 61,08 de Imposto de Renda. Caso a tabela fosse corrigida, esse trabalhador estaria isento. Para um trabalhador com renda de R$ 5.500 mensais, o desconto pago como Imposto de Renda é de R$ 470,18. Com a correção da tabela, o valor cairia para R$ 201,82.
No primeiro exemplo, o trabalhador contribui com R$ 814 a mais durante o ano, e no segundo, paga R$ 3.577. São recursos salariais claramente desviados de sua finalidade essencial, que é o atendimento de suas necessidades e da sua família, além de serem recursos que deixam de movimentar a economia de todas as cidades brasileiras. São distorções que precisam ser corrigidas com urgência.
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Subseção do Dieese