O mesmo serviço, o mesmo custo de vida. Mas o salário…
Um horista numa montadora de Sete Lagoas, em Minas Gerais, ganha um quarto do que ganha um metalúrgico do ABC ou do Vale do Paraíba. Mas os custos para manter sua família são os mesmos.
Isso é o que mostra pesquisa do Dieese que joga por terra o principal argumento das fábricas para justificar os baixos salários nas novas plantas. Exceto gastos com moradia, o custo de vida em 16 cidades brasileiras onde existem montadoras são praticamente iguais. O presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, voltou a defender a mobilização da categoria pelo contrato coletivo nacional de trabalho para conquistar condições salariais iguais aos metalúrgicos no setor automotivo.
Competitividade às custas de salários baixos
Pesquisa das subseções do Dieese do Sindicato e da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM) divulgada ontem pela CUT Nacional desmonta o argumento das montadoras de que os salários nas plantas mais novas são menores porque o custo de vida nessas cidades também é menor.
A pesquisa mostrou que existe uma equiparação dos preços dos produtos e serviços nas 16 cidades do País onde estão instaladas montadoras. Ao mesmo tempo, as remunerações dos metalúrgicos apresentam grandes diferenças.
1/4 do salário
No caso do horista direto, a remuneração média em Sete Lagoas (Fiat caminhões) é de apenas 23% da remuneração do mesmo trabalhador em São Bernardo e São Caetano.
Em Camaçari (Ford) esse percentual é de 30% em relação ao metalúrgico do ABC, e em Gravataí (GM) é de 41%.
A pesquisa mostra que a jornada semanal dos trabalhadores de uma mesma montadora varia entre 40 horas e 44 horas, dependendo da planta.
O presidente da CUT Nacional, Luiz Marinho, disse que as montadoras usam essa desigualdade salarial para conseguir um diferencial de competitividade. “É uma absurdo tirar proveito de mão-de-obra dessa forma”.
Contrato coletivo
Para o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, não é verdade que a chegada da montadora signifique melhoria da qualidade de vida para a região onde se instalou.
“A competitividade é para quem? Certamente não é para o trabalhador, para os estados ou para o desenvolvimento do País”, protestou ele.
A pesquisa mostra que a remuneração do metalúrgico não alcança o gasto médio mensal necessário para uma família formada por casal e dois filhos.
O presidente do Sindicato lembrou que a pesquisa vai servir de subsídios para o debate sobre o contrato coletivo nacional de trabalho na próxima Campanha Salarial.
“O contrato coletivo tem papel de impedir competição entre as plantas e as regiões”, explicou.