O ministro não é do ramo

As trapalhadas do ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, demonstram como uma pessoa despreparada para cuidar de uma pasta cujos assuntos não são do seu domínio. Ele se complica com facilidade, o que reforça, também, a constatação de que o governo FHC trata o Ministério do Trabalho como de menor importância, servindo apenas para o seu loteamento político. Aliás, não esqueçamos que o ministro em questão é do partido do Sr. Paulo Maluf, mais conhecido pelas suas falcatruas do que pelas suas realizações (se é que tem alguma em especial), e sinônimo de político desonesto, o que nos comprova como está “bem servido” o governo.

Criado pela ditadura militar, Dornelles nunca passou de mais um tecnocrata do sistema, tendo ocupado diversos cargos ligados ao sistema financeiro, tais como a secretaria da Receita Federal (governo Figueiredo) e a titularidade da pasta do Ministério da Fazenda (governo Sarney). Sempre foi ligado ao mais retrógado pensamento emprearial brasileiro.

Trapalhadas – Pois bem, é sob esse comando que estão os destinos da política de geração de emprego e de distribuição de renda do país. Isso explica o porquê do calote no FGTS que o governo federal está dando nos trabalhadores brasileiros, com a infeliz colaboração de alguns sindicatos e centrais sindicais pelegas.

Também não é de estranhar a indecente proposta de prevalecer o negociado sobre o legislado, outro duro golpe contra os direitos sociais, todos esses assuntos abordados nesta coluna nas últimas semanas.

Como se não bastassem essas atitudes em prejuízo dos trabalhadores, o ministro agora deu para fazer declarações infelizes. Comprovando que é uma pessoa absolutamente desinformada, disse que a culpa pelas três mil demissões na VW é da CUT. Ora, Sr. Ministro, se vossa excelência se recusa a cumprir o papel que o seu cargo impõe, que é o de intermediar uma saída para essa triste situação que se criou na VW, vê se pelo menos não atrapalha. Quem não é do ramo não dá palpite.