O movimento operário mudando o Brasil

Era o ano de 1890. Enquanto na Europa os trabalhadores se preparavam para comemorar um 1º de Maio unificado reivindicando oito horas diárias, aqui no Brasil – já República – ainda não havia uma classe operária, pois o País era essencialmente agrícola.

A escravidão acabara há apenas dois anos. No campo, os trabalhadores imigrantes cultivavam café para os latifundiários, enquanto o ex-escravo, sem acesso à terra, sujeita-se ao trabalho nas fazendas sem qualquer direito, ainda sob domínio dos coronéis.

Os centros urbanos crescem e diversificam as ofertas de trabalho, e é nesse momento que surge o operariado, seja na indústria têxtil e de alimentos, ou em obras de infra-estrutura como abertura de ruas, instalação de iluminação e de trilhos para bondes.

O trabalhador não tinha direitos, não havia limites de jornada, salário mínimo, descanso semanal ou aposentadoria. A discriminação e o preconceito excluem os ex-escravos do trabalho formal.

Os conflitos trabalhistas ou greve eram duramente reprimidos pela polícia. Reuniões para a formação de um partido operário terminavam em prisões e espancamentos.

Em 1901, os trabalhadores nas pedreiras do Rio – então a capital do País – fazem greve e conseguem reduzir a jornada de trabalho de doze para dez horas.

Nos anos seguintes várias categorias se mobilizam e conseguem a redução da jornada e aumento de salário. Os imigrantes, principalmente italianos, trazem também o sonho anarquista, de uma sociedade sem governo, sem patrões e igualitária, realizando trabalhos coletivos. Para derrubar o capitalismo, pregavam os anarquistas, o começo é a ação direta através de greve geral.