O mundo do trabalho e a discriminação
Diariamente acompanhamos tristes acontecimentos e práticas onde os mais elementares direitos humanos e de cidadania são desrespeitados. Se analisarmos o mundo do trabalho veremos que não é muito diferente. Em primeiro lugar, os que trabalham deveriam fazer jus ao maior respeito e às melhores garantias que a sociedade pudesse lhes prover, uma vez que do seu empenho resulta todo o conforto e bem estar que o País pode usufruir.
No entanto, a realidade é bem outra. O mais elementar de todos os direitos dos trabalhadores é exatamente o direito ao trabalho e as elevadas taxas de desemprego são provas convincentes dessa negação. Sem contar as condições macroeconômicas desfavoráveis aos trabalhadores, das restrições ao cumprimento da lei e do próprio sistema de relações de trabalho no País.
Além disso, persiste uma outra questão com conseqüências tanto ou mais graves porque pouco ainda são vistas, tratadas e compreendidas: a discriminação racial e de sexo. Segundo uma série de estudos sobre mulheres e negros no Brasil realizados pelo Dieese, sobre qualquer aspecto que for analisado, há sempre uma hierarquia invisível e pré-determinada no mercado de trabalho.
Nela, ocupam o topo homens brancos, seguidos pelas mulheres brancas, em seguida, vêm os homens negros e, por fim, as mulheres negras. E não há nada tão marcante como a situação das mulheres negras, vítimas de duplo preconceito de cor e sexo: seus rendimentos variam entre 28% a até 47% daqueles dos homens não-negros.Não é possível deixar de concluir que o preconceito racial e sexual compromete não apenas a qualidade de vida e trabalho da maioria dos trabalhadores brasileiros, mas sua condição de cidadãos e seres humanos neste país.
Do ponto de vista sindical, é uma questão urgente e inadiável, uma vez que expressiva parcela dos trabalhadores brasileiros é prejudicada por atitudes e barreiras discriminatórias que são como ácido, corroendo por dentro direitos e conquistas legais e das negociações coletivas.