O paradoxo da informação
Entre tantas mudanças que acompanham a globalização, destaca-se também a exigência de um novo perfil do trabalhador. Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, a qualificação passou a ser fundamental para garantir a sobrevivência no posto de trabalho, ou novas chances, para aqueles que estão procurando por um emprego.
É comum hoje em dia vermos desde trabalhadores retornando aos bancos da escola, seja para continuar seus estudos que foram abandonados ou para fazer cursos de qualificação profissional, até outros preocupados em ter acesso “às últimas informações” da rede de computadores. A regra em geral é: quanto mais atualizados estivermos, maior será nossa garantia de um futuro promissor.
No entanto, o que se pode verificar também é que o “excesso de informação” acaba virando uma armadilha perigosa. A abundância de informações produzidas nos últimos 30 anos, a facilidade de acessá-las graças à Internet e a vontade do homem em querer saber cada vez mais estão deixando muitos profissionais literalmente doentes. Segundo alguns especialistas, o excesso de notícias pode ser tão ruim quanto a ignorância. O hábito de massacrar o cérebro com informações demais, de diferentes fontes e sobre diferentes temas, provocam sintomas físicos e psicológicos que, dependendo da intensidade, podem até virar doença.
A expectativa de 30 anos atrás de que a tecnologia tornaria a vida das pessoas mais fácil parece ainda não ter se concretizado. Quem ainda não se sentiu em algum momento estressado pelas pressões sociais? Ansiedade, insônia, dores pelo corpo e cansaço fazem parte do dia-a-dia do homem moderno. Isto acontece porque, ao contrário do que pregam alguns consultores de empresas da moda, nossos corpos e cérebros não são máquinas que devem ser alimentadas com ‘matérias-primas’ de informações diversas, para produzir ao final um ‘produto’ permanentemente atualizado com as novidades globais. É preciso entender que é impossível “saber de tudo”.
Os parágrafos acima, é claro, não devem ser interpretados como uma defesa de que cada um de nós deixe de buscar se aperfeiçoar, qualificar-se. Mas, se por um lado a qualificação é de fato necessária, por outro, ela deve proporcionar prazer a quem está estudando. Além disso, talvez o grande desafio seja aprender a qualificar-se com equilíbrio, isto é, com método, focalizando aqueles temas que julgamos centrais e de relevância mais ampla, e abdicando muitas vezes até da informação “on line”, atualizada no último minuto.