O pequeno (e fundamental) detalhe
Depois de um 2020 muito ruim devido às implicações da pandemia, o setor automotivo global ensaiava uma retomada mais firme para este ano. As montadoras só não contavam que pagariam agora pela decisão equivocada de concentrar os fornecedores de semicondutores e chips em poucos fornecedores asiáticos.
A baixa produção no ano passado reduziu a demanda automotiva por esses componentes, mas as indústrias de telefonia, TVs, computadores e fármacos ampliaram suas compras. De fato, os componentes eletrônicos estão presentes no freio ABS dos veículos, mas também nos respiradores e monitores dos hospitais. Assim, a retomada do setor automotivo encontrou os fornecedores impossibilitados de atender essa demanda.
Com isso, na semana passada, a Volkswagen anunciou que vai parar a produção por 10 dias nas plantas de São Bernardo do Campo, São Carlos e São José dos Pinhais. Honda e GM também interromperam suas linhas de produção por falta de semicondutores.
Mais uma vez, fica evidente que o governo federal negligencia a indústria nacional, perdendo a oportunidade de recuperar o espaço importante que já ocupou na cadeia automobilística global.
Diferentemente do que não fazemos aqui, países como os Estados Unidos e a Alemanha perceberam seus equívocos estratégicos e correm atrás do prejuízo. O governo norte-americano anunciou pacote governamental de US$ 52 bilhões para incentivar a produção de semicondutores. A Bosch acaba de inaugurar uma fábrica de microchips na Alemanha, com investimentos privados de 1 bilhão de euros, e incentivos de 140 milhões do governo alemão. Enquanto isso, o desgoverno brasileiro passeia de moto, perdido e sem rumo.
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