O presidente Lula agiu na hora certa, afirma Dieese

Fausto disse que o impacto da crise no mercado mundial no País não é econômico, mas político

“É hora de o Brasil pisar o pé no acelerador” esta opinião é do sociólogo e técnico do Dieese, subseção da CUT Nacional, Fausto Augusto Júnior, que a convite da FEM/CUT-SP, proferiu palestra sobre “a crise mundial e seus reflexos no Brasil” na reunião da Direção da Federação, realizada na quarta-feira.

Fausto disse que o impacto da crise no mercado mundial no País não é econômico, mas político. “Os efeitos ainda são muito tímidos. O grande impacto é político. A imprensa, ao invés de esclarecer o que está acontecendo, tem feito uma cobertura tendenciosa, abrindo espaço para a direita (oposição) antecipar a sucessão presidencial em 2010”, disse.

No entanto, o sociólogo frisa que esta crise mundial é preocupante e não se compara às crises econômicas que o país viveu na era FHC. “Esta crise terá proporções maiores e se assemelha à crise que alterou o cenário econômico mundial em 1972, quando os americanos viveram a alta dos preços do petróleo e os conflitos com o Oriente Médio”, relembra.

Atenção com o “câmbio” – Fausto frisou aos sindicalistas que o modelo capitalista já estava fadado a viver esta crise, o grande problema hoje é que não foi construído um novo modelo para substituí-lo. “Os EUA acreditaram no modelo do paradigma liberal e a crise estourou devido à abertura exagerada da economia”.

Questionado se o democrata Barack Obama, cotado à sucessão presidencial nos EUA, combaterá esta crise, o técnico do Dieese foi enfático: “De fato se Obama vencer marcará a história do país, ao ser o primeiro presidente negro dos EUA, no entanto, não acredito que ele faça mudanças radicais. O sistema terá outra  roupagem, mas não mudará na sua essência”. 

As medidas adotadas até o momento pelo governo Lula, como a edição de Medidas Provisórias para socorrer bancos em dificuldade; a que concede poderes aos bancos públicos adquirirem bancos privados e a injeção de R$ 3 bilhões para a construção civil, foram vistas com bons olhos pelo técnico do Dieese. “O presidente Lula tomou as medidas no momento  certo. Não dá para antecipar medidas até porque os efeitos da crise mundial no Brasil ainda são tímidos”.

No entanto, Fausto destaca que o governo tem que “olhar com mais atenção para o câmbio” e tomar as medidas necessárias para evitar grandes oscilações. 

Movimento sindical – Ao concluir a exposição, Fausto salientou que o movimento sindical cutista tem que desempenhar um papel estratégico diante deste cenário de crise. “Este é um momento de cautela e não de pânico. É hora da CUT exigir que o Estado cumpra o seu papel, como fomentador do crescimento econômico e da distribuição de renda. É importante valorizar o mercado interno, garantir a geração de emprego, a política de valorização do salário mínimo e o investimento nos programas sociais, como o  bolsa família, que tem sido um grande instrumento de distribuição de renda”.

Na sua avaliação, o poder de pressão do movimento sindical será fundamental para assegurar as conquistas e defender os interesses da classe trabalhadora.

Da FEM/CUT-SP