O que a grande crise econômica de 1929 nos ensina?
Muitos analistas têm comparado a atual crise de pandemia do Covid-19 à grande crise econômica de 1929 quanto às previsões de recessão econômica, queda do volume de comércio mundial e a dramaticidade da escalada de desemprego.
Muitos analistas têm comparado a atual crise de pandemia do Covid-19 à grande crise econômica de 1929 quanto às previsões de recessão econômica, queda do volume de comércio mundial e a dramaticidade da escalada de desemprego.
A grande depressão de 1929 foi a mais dramática crise econômica no século XX e o seu desdobramento colocou em dúvida o funcionamento dos postulados do liberalismo econômico de forma contundente como jamais ocorrera antes na história do capitalismo.
Até então, as crises do capitalismo eram consideradas cíclicas, causadas por falta de demanda e consequente aumento da capacidade ociosa na produção acarretando queda dos lucros e falta de investimentos. O resultado desse processo era a diminuição do crescimento e aumento do desemprego. Porém essas crises cíclicas, segundo a cartilha liberal, em poucos anos, sempre geravam um processo de inovação no capitalismo e retomada dos investimentos que dariam lugar a um novo ciclo de expansão econômica gerando crescimento econômica fazendo a roda do mercado girar novamente.
No entanto, não foi isso que aconteceu em 1929, a devastação econômica se espalhou rapidamente pelo mundo e durou aproximadamente 10 anos. Embora muitos investidores tivessem perdido suas fortunas, foram os trabalhadores as maiores vítimas da crise sofrendo com o desemprego.
O desemprego atingiu marcas dramáticas, chegou a 25% da população economicamente ativa nos Estados Unidos, e se prolongou por vários anos. O documentário “A Fila do Pão” (The Bread Line) da série People’s Century, produzido pela TV britânica BBC, disponível na internet, nos permite captar a dimensão do drama social que representou o desemprego nos anos trinta do século passado.
Os países que mais “rapidamente” saíram da crise foram aqueles que abandonaram os postulados liberais e acionaram todas as ferramentas econômicas e financeiras do Estado para atuar no combate a recessão econômica do país.
A crise de 1929 nos ensinou que o mercado não tem capacidade de enfrentar as grandes crises econômicas e tão pouco responder aos efeitos sociais que elas causam. Muito pelo contrário, a crise foi causada pelo próprio mercado financeiro que não teve limites para especular com ações de forma irresponsável levando a queda da Bolsa de Valores de Nova York. As comparações não devem se limitar aos danos econômicos e sociais das duas crises, mas devem, sobretudo, analisar as alternativas de enfrentamento mobilizadas no passado, que podem nos impedir de cometer equívocos no presente.

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