O que esperar sem o IPI

As vendas de veículos registraram novo recorde no primeiro quadrimestre deste ano, foram 1,066 milhão de unidades emplacadas, melhor marca da história para o período. Em abril, as vendas totalizaram 277,9 mil automóveis, 21% inferior em relação a março, que também teve resultado mensal recorde.
Mas para melhor compreender este fenômeno, faz-se necessário, recuperar algumas das intensas transformações que a economia transpôs nestes últimos dezoito meses. Quando em setembro/2008, nos foi apresentado à crise, já em novembro e dezembro daquele mesmo ano tivemos como conseqüência, o fechamento de 695,7 mil postos de trabalho, o que contribuiu para a drástica queda do PIB naquele trimestre. Diante deste cenário, o governo federal atuou com diversas medidas para aquecer a economia, que tiveram impacto direto na indústria automotiva, assim como: a isenção de impostos, sobretudo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), além da forte política de expansão do crédito por meio dos bancos públicos.
Neste contexto, a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) foi fundamental no processo de recuperação da economia. Segundo estudo realizado pelo IPEA, a redução do IPI manteve cerca de 50 a 60 mil empregos diretos e indiretos no setor automobilístico. A medida também cumpriu se papel de impulsionar as vendas de automóveis, mesmo que ainda, num ambiente de desconfiança, as vendas de 2009, foram 11,4%, superiores ao ano anterior.
O conjunto destas medidas corroborou para que 2010 inicia-se numa conjuntura ainda mais favorável, os níveis de emprego voltaram a crescer, a disponibilidade de crédito no mercado financeiro retornam em patamares superiores ao período anterior a crise, tomando como comparação o volume de novas concessões de crédito para veículos, em setembro/2008 somou R$ 4,56 bilhões, em março deste ano, que também foi o ultimo mês da isenção do IPI, as novas concessões chegaram a R$ 9,40 bilhões.
O resultado das vendas de automóveis nestes primeiros meses do ano é reflexo desta conjuntura recente. E a pujança com que a economia brasileira vem se comportando, faz com que o termino da isenção do IPI, não desacelere as vendas de automóveis ao longo do ano, que tem previsão de crescimento de até 8%. É provável que nos próximos meses as vendas de automóveis novos sofram alguma retração, mas ainda assim, continuarão com volume muito expressivo ratificando o acerto do governo na condução deste processo.