O que o Brasil tem pra montadoras decidirem investir mais de R$ 100 bilhões
Os tempos de fábricas de automóveis fechando no Brasil parecem ter ficado para trás. Desde os últimos meses de 2023, o que temos visto são anúncios bilionários de investimentos. O aporte total a partir deste ano até 2032 será de cerca de R$ 101 bilhões, anunciado por 12 montadoras, para a atualização de fábricas e produção de novas plataformas, motores e veículos. Se considerados os aportes feitos a partir de 2021, o número salta para R$ 125 bilhões.
Afinal, o que o Brasil fez para que o cenário mudasse tanto em pouco tempo? Tantos anúncios seguidos revelam que não se trata de decisões pontuais de cada marca, mas de uma mistura de necessidade com oportunidade. A maior parte dos anúncios das montadoras revelam uma estratégia em comum para o novo ciclo de investimento: a produção de pelo menos um modelo híbrido, a maior parte deles, flex. Mais uma vez, não se trata de coincidências, pelo contrário, revela o momento divisor de águas que o Brasil, e o mundo estão passando, a pressão pela descarbonização.
Como o caminho elétrico ainda não é viável em larga escala, a solução para atender às normas legislativas, e pressão de órgãos internacionais, é investir em algo que tem sido muito bem recebido pelos brasileiros. Afinal, a tecnologia híbrida permite autonomia e redução do consumo de combustível (e emissões), sobretudo aliada ao etanol, que é considerado um combustível verde. Para se ter uma ideia, o Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve) L8, que será iniciado em 2025, será muito mais rígido com o limite de emissões do que o L7 – que já retirou diversos modelos de linha quando entrou em vigor.
Tudo isso leva as montadoras para uma encruzilhada: ou investe mais, ou retira, em algum tempo, os produtos do mercado. As perspectivas futuras também impactam na decisão: a Reforma Tributária, o retorno da taxação para carros elétricos importados e o Mover – programa de incentivo à Mobilidade Sustentável – são citados como fatores importantes. Outro fator que não é dito claramente, mas que, certamente, está na conta dos executivos, é fazer frente às chinesas que chegaram ao país no último ano.
Do UOL Carros