“O tempo das empresas acabou”, diz Rafael
Desde a entrega da pauta da Campanha Salarial 2014 na Fiesp em 16 de julho, até hoje, se passaram mais de 100 dias sem nenhuma proposta dos grupos patronais que pudesse contemplar as expectativas dos trabalhadores.
“Os patrões tiveram tempo suficiente para atender as reivindicações dos metalúrgicos em Campanha e propor um índice superior à simples reposição da inflação”, afirmou o presidente do Sindicato, Rafael Marques (foto).
Segundo ele, a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT, e seus 14 sindicatos filiados, já previam que a Campanha Salarial seria longa, mas nada justifica a choradeira patronal.
“Temos consciência como estão as fábricas da base e sabemos que mesmo aquelas que não estavam tão bem no primeiro semestre têm melhorado”, destacou Rafael.
As montadoras, por exemplo, que são as maiores compradoras das empresas que estão em Campanha Salarial, anunciaram ontem que sua produção cresceu 14% no mês passado em consequência do aumento de vendas (leia matéria na página 2).
“Por isso não podemos esperar mais e como havíamos comunicado há mais de um mês, iremos parar a produção nas empresas que não concordarem em dar reajuste de 8%”, disse.
Para Rafael, a reposição da inflação com aumento real de salário tem sido um importante fator de distribuição de renda e crescimento da própria indústria no Brasil.
“Não podemos interromper o ciclo virtuoso que vivemos e possibilita que o trabalhador, com mais dinheiro no bolso, consuma mais e estimule a produção”, explicou o presidente do Sindicato.
“Além disso, todas as ações feitas para garantir o mercado interno, principalmente para as autopeças, deveriam ter sido levadas em conta pelos patrões para apresentar aumento real, o que não aconteceu até agora na mesa de negociação”, criticou.
Rafael lembrou ainda que a realidade da bancada patronal não coincide com o que está sendo verificado nas empresas da base.
“A prova de que há algo errado entre os patrões e a bancada patronal que os representa são as mais de cem empresas que já aceitaram os 8% de reajuste que estamos reivindicando”, alertou.
“Diante disso, não temos outra opção senão paralisar as fábricas que insistem em seguir uma bancada que está politizando a Campanha a mando da Fiesp, em especial o G2”, concluiu o presidente dos Metalúrgicos do ABC.
A data-base é 1º de setembro e estão em Campanha Salarial 215 mil metalúrgicos em seis grupos patronais, G2, G3, G8, G10, Estamparia e Fundição.
Da Redação