Obrigado e perdão, Celso!
Obrigado, Celso, pelo privilégio de ter dividido com você longas jornadas de trabalho. Pela alegria que guardo na memória dos breves momentos de lazer. Obrigado, Celso, pela fidelidade com que você alimentou nossa amizade e pela confiança com que você me distinguiu entre outros milhares de amigos com os quais dividiu sua vida.
Obrigado, Celso, pelo acesso que você me permitiu à luz da sua sabedoria. Pela timidez que o afastava dos burocratas intolerantes, pela sua capacidade de olhar de igual para igual seus semelhantes e dialogar com idéias contrárias. Obrigado, Celso, por deixar que eu me sentisse igual diante de sua descomunal estatura intelectual e humana.
Obrigado, Celso, por ensinar-me a acreditar na dedicação humana às causas públicas sem transigir com princípios de dignidade e honestidade. Num País como o nosso, em que a política a cada dia se torna sinônimo de oportunismo e sacanagem, você demonstrou que a solidariedade e o desprendimento ainda sobrevivem entre nós.
Obrigado, Celso, pelos exemplos de coragem, criatividade e ação administrativa pautada pelos interesses populares que pude aprender com você. Lembro-me, como se fosse hoje, o brilho do teu sorriso diante dos olhares curiosos de centenas de intelectuais, professores, políticos, empresários e administradores, inclusive convidados estrangeiros, que se reuniram há mais de dois anos no MASP para conhecer o projeto Eixo-Tamanduatei que você legou para Santo André.
Obrigado, Celso, em nome da nossa militância nas fábricas e dos nossos companheiros do PT. Lembro-me, Celso, da sua freqüência às portas das fábricas e das inúmeras visitas que você fez ao nosso Sindicato, sempre da mesma maneira, tentando esconder seu físico de atleta em algum canto do nosso auditório.
Obrigado, Celso, pelas aulas de tolerância que você nos deu. Quantas vezes, diante das naturais dificuldades da disputa política, não conseguíamos enxergar saída e foi você quem, com sua capacidade de ouvir, dialogar e conciliar achou caminhos para vencer desafios que poucos acreditavam possível.
Obrigado, Celso, em nome dos cidadãos do ABC. Você está entre os melhores prefeitos que o ABC e o Brasil já tiveram. Mais que todo mundo, você foi um dos mais brilhantes estudiosos da administração pública brasileira. Foi você quem conseguiu enxergar na unidade regional o melhor caminho para enfrentar a crise que se instalou no parque industrial da nossa região a partir dos anos 90.
A você, portanto, o ABC deve não só a fundação do Consórcio, mas também da Câmara e da Agência Regional do Grande ABC, instrumentos fundamentais para a sobrevivência econômica, política e cultural da região, abalada pelo modelo de globalização patrocinado pelos governos tucanos.
Obrigado, Celso, pela energia que você nos legou e que nos permitirá manter acesa a chama da esperança num Brasil com justiça e dignidade para todos. Obrigado, Celso. Fica aqui nosso compromisso de manter erguidas as bandeiras que você desfraldou.
Além de agradecê-lo por tudo, é com muita dor no coração que eu quero, também em nome de todos os petistas e seus amigos brasileiros e estrangeiros, pedir-lhe perdão por termos sido incapazes de evitar a vilania dos nossos inimigos que agora tentam enxovalhar a sua memória. Tenha certeza de uma coisa, Celso: no futuro, enquanto seus detratores serão esquecidos no lixo da história, seu nome e sua alma brilharão para sempre em cada palmeira que você plantou nesta cidade que viveu e amou.