OIT quer proteção também para trabalhadores

A diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo, alertou que os governos têm investido em pacotes para fortalecer o mercado e o consumo internos, mas é necessário mais proteção social ao mercado de trabalho

Os trabalhadores também precisam ser alvo de políticas de proteção contra a crise da agiotagem. Essa é uma das conclusões do Relatório Mundial sobre Salários, divulgado nesta quarta-feira em Genebra, na Suíça, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, alertou que os governos têm investido em pacotes para fortalecer o mercado e o consumo internos, mas que é necessário dar mais força às políticas de proteção social e às instituições do mercado de trabalho, como o salário mínimo e a negociação coletiva.

“A continuidade da política de valorização do salário mínimo é importante inclusive para dinamizar o mercado interno e evitar o aprofundamento da crise, porque se não você entra numa espiral que vai levando a economia para baixo”, disse Laís.

Tratamento igual
O relatório da OIT revelou que o mesmo princípio de fortalecimento do salário mínimo deveria se aplicar às negociações coletivas por categoria, com a organização dos trabalhadores em sindicatos para a reivindicação de melhorias salariais.

“Onde a cobertura da negociação coletiva é elevada, a elasticidade salarial é maior e as desigualdades salariais se reduzem”, destacou Laís.

Elasticidade é a porcentagem do crescimento do PIB que é transferido para os salários. Por isso a negociação tende a ser um fator de distribuição dos ganhos do crescimento e diminuição das desigualdades.
                      
Empresas não repassam produtividade
O documento da OIT denuncia que apenas uma parte dos ganhos com o crescimento da economia do Brasil entre 1995 e 2007 foi repassada para o salário dos trabalhadores brasileiros. “Os ganhos de produtividade não se traduziram em ganhos salariais”, explicou Laís Abramo.

A principal perda se deu durante os anos de 1990, quando foi registrada uma piora em praticamente todos os indicadores sociais. Já de 2004 a 2008 se verificou um ganho de 15,6% no rendimento médio dos trabalhadores, o que colaborou para diminuir a desigualdade salarial.

Um fator que colaborou para esse crescimento foi o processo de valorização do salário mínimo desde o início dos anos 2000, especialmente a partir de 2004. Daquele ano até 2008, o aumento médio foi de 10%, num total de 43%.

Da Tribuna