Óleo diesel registra maior valor em 18 anos e café tem alta de 74%
A inflação descontrolada reduz a cada dia o poder de compra do brasileiro e o governo não assume com pulso firme as rédeas da situação
O cafezinho está muito mais amargo, não no gosto, mas no preço. Há restaurantes que até deixaram de servir a cortesia após o almoço. Isso porque o café moído teve alta de 74% nos últimos 12 meses, segundo o Dieese. O consumidor sabe bem que não se trata de um caso isolado, já que 12 dos 13 produtos da cesta básica tiveram alta no mesmo período (confira tabela).
Outro grande vilão da inflação é o combustível. O preço médio do litro do óleo diesel, por exemplo, chegou a R$ 6,943 na semana passada, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). É o maior valor maior desde 2004, quando o levantamento semanal começou a ser realizado.
“A vida está ficando cada vez mais difícil, os preços estão impraticáveis e quem vai ao supermercado não consegue mais comprar com o mesmo valor os mesmos itens de um mês para o outro. A inflação descontrolada reduz a cada dia o poder de compra dos brasileiros, mesmo quem está trabalhando está com dificuldades de subsistir”, avaliou o secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira.
“A escalada da inflação afeta fortemente a renda, sendo que as famílias mais pobres são as maiores vítimas, com aumento da fome, da desigualdade e do endividamento das pessoas”, afirmou.
O dirigente reforçou que o aumento dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha também tem contribuído para o aumento dos alimentos e não existe nenhuma política por parte do governo para conter a alta.
“Isso é fruto da política econômica do governo, uma política irresponsável que vem contribuindo a cada dia para aumentar a fome e a miséria do povo, com desemprego e diminuição da renda das pessoas. ”
“A população já não aguenta mais ter que trabalhar o mês inteiro e o salário não dar para pagar as contas nem as despesas básicas. A situação piorou, tem pessoas em situação de rua que tiveram que escolher entre pagar o aluguel ou comprar alimentos. É preciso dar um basta”, concluiu.
Alta nos combustíveis
Somente neste ano o preço do diesel da Petrobras subiu 47%. Em 12 meses, de abril de 2021 a abril deste ano, a alta acumulada é de 52,53%, segundo a prévia da inflação de abril, medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) do IBGE.
O último reajuste havia sido de 25%, em 11 de março. Naquele mesmo dia a gasolina subiu quase 19% e o GLP 16%.
Cesta básica
Em abril, pelo segundo mês consecutivo, o valor da cesta básica aumentou em todas as capitais do país. São Paulo apresentou o maior custo (R$ 803,99).
Levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima que no mês passado, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.754,33, ou 5,57 vezes o mínimo de R$ 1.212,00.
Com informações da CUT e do Dieese.
Cesta básica mais cara
Valor da cesta básica de SP:
R$ 803,99 – a mais cara do país
Variação em 1 mês: 5,62%
Variação em 12 meses: 27,09%
Quanto do salário mínimo líquido necessário para comprar uma cesta:
Abril 2022: 71,71% do salário mínimo
Abril 2021: 62,17% do salário mínimo
Tempo de trabalho necessário para comprar uma cesta:
Abril 2022: 145 horas e 56 minutos
Abril 2021: 126 horas e 31 minutos
Aumento nos preços da cesta
Em 12 meses foram registrados aumento em 12 dos 13 produtos da cesta básica de SP:
Tomate 125,26%
Batata 78,62%
Café em pó 74,08%
Açúcar refinado 44,26%
Óleo de soja 31,82%
Manteiga 23,09%
Farinha de trigo 20,12%
Leite integral 19,83%
Banana 16,35%
Pão francês 15,86%
Feijão carioquinha 13,69%Carne bovina de primeira 9,69%