Omissão do governo estadual leva pânico a São Paulo
No imenso número de causas que provocaram a situação de terror vivida por São Paulo, um motivo se destaca: a ausência de políticas sociais voltadas para a população de baixa renda, que marcaram os mais de 12 anos de governo do PSDB no Estado.
Dentro deste triste quadro, a segurança pública em geral e a defesa do cidadão contra a violência urbana não receberam o tratamento que merecem. Em outras palavras, o pobre não teve a atenção necessária e nem o trabalhador a proteção que lhe é devida.
E nada indica que esta situação mudará em São Paulo. Cláudio Lembo (PFL), que substituiu seu aliado Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do Estado, foi rápido quando recebeu do ministro Márcio Thomaz Bastos o oferecimento de ajuda do governo federal. “A situação está sob controle. São Paulo não precisa da ajuda federal”, respondeu Lembo.
Era mentira. Os atos de terror não só continuaram diante de um governo estadual que não sabia o que fazer, como se multiplicaram em extensão geográfica, em formas diferentes e, mais grave, em novas vítimas. Tudo isso mostra que o gesto de Lembo foi politiqueiro.
Sua atitude ao recusar auxílio federal não levou em conta o bem estar do povo que estava com medo. Ao contrário, ele agiu como um governador que não tem estatura para o cargo ao negar a ajuda do governo federal e deixar a população em pânico. Cláudio Lembo reduziu tudo a interesses político-partidários.
Mas o fundo do poço só chegou ontem, quando a imprensa noticiou que houve um acordo entre o governo estadual e o PCC , o que é o fim da picada. A população brasileira não merece se submeter a isto.
Alckmin cancela jantar de luxo – Essa atuação do atual governador não é surpresa. Há cinco anos, Alckmin já havia dado provas que esta é a forma da coligação PSDB-PFL tratar a população. Quando o mesmo PCC desafiou seu governo com rebeliões em 30 presídios e ataques a dependências policiais, logo o ex-governador e seu secretariado anunciaram várias providências para proteger a população, mas que nunca foram adotadas.
Ontem, Alckmin tomou nova medida para enfrentar a crise de segurança em São Paulo. Cancelou um jantar de adesão a sua candidatura, com convites ao preço de R$ 3.000,00. Sua desculpa: não fica bem ir a um dos restaurantes mais caros de São Paulo diante da situação.
Alckmin só não decidiu o que fazer com o dinheiro arrecadado com a venda antecipada. O PSDB já tinha vendido 230 dos 300 convites e faturado R$ 690 mil.
Que tal distribuir entre a população atingida por sua incompetência?
De tudo, restam duas perguntas a serem respondidas: quais os motivos da rebelião e como ela acabou. A sociedade precisa ser rápida e corretamente informada do que ocorreu.
Uma CPI é o melhor meio para encontrar essas respostas.