Onda de investimentos exclui caminhões
Em grande parte, o mais recente ciclo do setor, que inclui ônibus, se esgota na metade da década
Nos últimos dias, a indústria automobilística encheu o noticiário com anúncios de novos e robustos programas de investimentos no Brasil. Todos, no entanto, se referem, por enquanto, apenas ao segmento de carros e veículos comerciais leves. Nenhum dos novos programas, que já somam R$ 104,8 bilhões para a década atual, envolve os fabricantes de caminhões e ônibus, uma indústria importante no país de dimensões continentais e que tem nas rodovias o principal meio de escoamento de produtos do agronegócio.
Os mais recentes programas de investimentos da indústria de caminhões e ônibus, que somam R$ 8,65 bilhões, abrangem, na maioria, a primeira metade da década. Os recursos já foram, em grande parte, consumidos para preparar esses veículos para a legislação de emissões, conhecida por Euro 6 e que está em vigor desde janeiro de 2023. Se do lado das montadoras de automóveis os recentes anúncios carregam compromissos de atualização de produtos até 2030, ou um pouco além disso, falta à indústria de comerciais pesados revelar planos para a segunda metade da década.
Em média, os recentes programas dos fabricantes de caminhões e ônibus encerram-se entre este e o próximo ano. É o caso da Scania, que anunciou R$ 1,4 bilhão para o período entre 2021 e 2024. O da Volvo, outra fabricante sueca de pesados, soma R$ 1,5 bilhão, entre 2022 e 2025. O mais recente ciclo da Volkswagen (R$ 2 bilhões) começou em 2021 e o da Iveco (R$ 1 bilhão), em 2022. Esses dois últimos vão até 2025. O da holandesa DAF, equivalente a cerca de R$ 350 milhões, abrange o período de 2021 a 2026. O maior, mais longo e também encerrado há mais tempo é o da Mercedes-Benz.
A maior produtora de caminhões e ônibus no país encerrou, já há dois anos, o seu mais recente ciclo de investimentos no Brasil. O programa, que somou R$ 2,4 bilhões, foi aplicado no período entre 2018 e 2022. Desde então, a empresa não sinalizou com novos planos. Consultados, os fabricantes de caminhões e ônibus informaram que por enquanto não têm novos planos de investimentos. Quando o assunto é abordado em alguma entrevista, os executivos costumam dizer que o setor fez pesados investimentos para renovar a linha de produtos e adaptá-los às novas regras de emissões.
Do Valor Econômico