Onde está o preconceito?
Outro dia falávamos sobre como são sutis as formas que o preconceito entra em nossas vidas.
Às vezes aparece quando, ao enviarmos um recado na agendinha para a escola de nosso filhinho, sendo o pai ou a mãe, a resposta vem para a mamãe.
Um pai escreve: “Gostaria de saber se meu filho está se adaptando etc”. Preo-cupação por seu filho ter entrado na escolinha recentemente, com apenas um aninho de idade.
E a professora lhe responde: “Mamãe, seu filho está muito bem…”
Hoje é crescente o número de homens que acompanha mais de perto o desenvolvimento de seus filhos; leva ao médico, troca fraldas etc. Mas, ainda assim, são como estranhos no ninho. Parece que o lugar que ocupam não lhes cabe.
Engraçado! Como leva tempo para atravessarmos barreiras de costumes tão antigos.
Uma outra história que ilustra isto é a de uma avó que, ao contar alguma cena de novela cuja história é sobre uma bela mulher apaixonada tentando conquistar seu amor, nos diz: “Aquela negrinha…”
E quando a repreendemos, nos alega: “É um jeito carinhoso de falar”… E como em geral temos crianças por perto, vez ou outra elas saem repetindo: “Aquela negrinha”…
Os movimentos pela igualdade de gênero e racial esforçam-se para nos sensibilizar para as relações desiguais, injustas e discriminatórias que estes e vários outros segmentos da sociedade sofrem.
Mas o trabalho diário cabe a todos, no sentido de tentarmos identificar onde se esconde o nosso preconceito. Porque, em geral, ele está aqui, mas bem fundo…
Para nos livrarmos dele é preciso que o encontremos, olhemos de frente e o desfacelemos através de ações diárias que incluam e que respeitem o diferente, até que não percebamos mais nosso esforço…
“A que” ou “a quem” interessa uma sociedade:
Dividida – composta por pessoas que ora oprimem, ora são oprimidas?
Autoritária – permeada por comportamentos autoritários?
Fragmentada – que não se dá conta da riqueza contida nas diferenças e da força que teria se conseguisse agregar, acolher e se solidarizar?
Departamento de Formação