Onde estão e quem são os mortos?

Até agora, o governo estadual  não divulgou as identificações dos suspeitos nem a dos policiais mortos na onda de violência dos últimos dias. Também não foram revelados os locais exatos dos confrontos ou como eles ocorreram.

Movimentos sociais vão solicitar à Ouvidoria Geral da Polícia de São Paulo a apuração das circunstâncias de morte dos 71 acusados de praticar ataques contra bases policiais nos últimos dias no Estado.

As entidades, que participaram de reunião na Assembléia Legislativa de São Paulo, dizem ter informações de que pessoas inocentes teriam sido mortas durante a ação de repressão da polícia.

O governo não divulgou nem as identificações dos suspeitos nem a dos policiais mortos, apesar do comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair, garantir que as fichas de todos os mortos foram levantadas. Também não foram revelados os locais exatos dos confrontos ou como eles ocorreram.

“O clima de terror não pode se tornar uma carta branca para matar”, disse o coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves. Ele afirmou que existem denúncias da ação de esquadrões da morte, de justiceiros e de policiais que estariam trabalhando vestidos com tocas para impedir a identificação de seus rostos.

De posse das denúncias, a equipe de reportagem da Rádio Jovem Pan tentou localizar ontem os corpos dos 71 mortos. Primeiro foram no Instituto Médico Legal, onde eles deveriam estar.

Só que o diretor do IML, Hideaki Kawata,  não confirmou o número nem deixou a equipe ver se haviam corpos no local. A equipe da rádio procurou, então, a PM. Também não obteve qualquer resposta e recebeu a orientação de falar com a Secretaria de Segurança Pública.

Mas, a Secretaria de Segurança Pública também não soube dizer onde estão os corpos e não quis dar maiores informações.

Autoridades tentam negar acordo

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o governador Claudio Lembo (PFL) admitiu que autorizou a reunião de representantes do governo do Estado com Marcola, líder do PCC, e sua advogada, Iracema Vasciaveo, o que é proibido. Apesar das declarações, as cúpulas das Polícias Civil e Militar continuam negando que houve acordo com a facção criminosa.

O governador revelou também que cedeu o avião que levou as autoridades e a advogada à Penitenciária de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo. Participaram do encontro com Marcola o comandante da PM no Interior, coronel Aílton Araújo Brandão; o corregedor dos Presídios, Antonio Ruiz Lopes; e o delegado José Cavalcanti, do Departamento de Narcóticos. Após a reunião com Marcola, as rebeliões foram encerradas e o número de atentados diminuiu muito.

Mesmo assim, o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, afirmou, irritado, que não houve acordo com o PCC. “Nenhuma reivindicação foi aceita”, disse ele. Pouco depois, o mesmo Furukawa revelou que permitiu a entrada de 60 televisores em penitenciárias do Estado e disse que não sabia quem comprou os aparelhos.

Essa era uma das reivindicações do PCC para terminar com a rebelião.