“Onde tiver que parar, vamos parar. Se patrão não quer pagar o INPC, a produção também vai ter problema”
Sindicato inicia série de assembleia nas fábricas para mobilizar os trabalhadores por aumento real, enquanto patrões reclamam da alta no INPC

Esta semana os Metalúrgicos do ABC iniciam uma série de assembleias nas fábricas para mobilizar a categoria em busca do aumento real na Campanha Salarial 2021. O objetivo, segundo o coordenador de São Bernardo, Genildo Dias Pereira, o Gaúcho, que acompanha as negociações com as bancadas patronais, é dar o recado aos patrões que colocam dificuldades para pagar o INPC.
“O patrão está com choradeira dizendo que o INPC vai dar muito alto, mas será que o patrão está avaliando o quanto subiu o óleo de soja, a carne, o arroz, a cesta básica como um todo? ”, questionou. (Confira mais detalhes na tabela ao lado e na coluna do Dieese).
O dirigente lembrou que os trabalhadores precisam estar organizados para alcançar um bom resultado. “Se não tiver mobilização e organização nas fábricas, a coisa vai ficar muito difícil, mas nós vamos pra cima e vamos mobilizar a categoria. Onde tiver que parar, vamos parar. Se patrão não quer pagar o INPC, a produção também vai ter problema”.
Gaúcho fez questão de lembrar que boa parte desses patrões, que hoje reclamam da alta no INPC, ajudaram a eleger o governo Bolsonaro, responsável pela alta nos preços.

“Não dá para ter moleza num momento deste, já que o governo que aí está, que contribuiu para elevação do custo de vida, teve o apoio desses patrões. Portanto, não é hora de choradeira de patrão. O grupo 2, por exemplo, não tem motivos para reclamar da conjuntura porque todas as empresas desse grupo estão bombando”.
Agenda
Os representantes da FEM/CUT se reuniram ontem com a bancada patronal do Sindimaq. Hoje tem reunião com o Sindicel e com o G3. No dia 27 a rodada de negociação é com os representantes do da Fundição.
É +
O tema da “Campanha Salarial 2021 É +, + salário, +vacina, + emprego, + direitos, + unidade”. Os eixos são: preservação da saúde e da vida; garantia de emprego; aumento salarial que restabeleça o poder aquisitivo do trabalhador; valorização das normas coletivas de trabalho; política industrial com nacionalização de componentes, máquinas e equipamentos.
Alta nos preços
Nos últimos 12 meses
Arroz: 40%
Carnes: 34%
Cesta básica em São Paulo: 22%
Óleo de soja: 85%
Combustíveis: 41%
Energia elétrica: 20%
Fonte: IBGE e Dieese
Confira a situação das cláusulas sociais por bancada patronal:
– Grupos com Convenção Coletiva válida até agosto de 2021
Estamparia
G8.2 – Sicetel e Siescomet
(trefilação e laminação de metais ferrosos, esquadrias e construções metálicas)
G8.3 – Sinafer, Simefre e Siamfesp
(artefatos de ferro, metais e ferramentas, materiais e equipamentos ferroviários e rodoviários, artefatos de metais não ferrosos)
– Não assinou a Convenção Coletiva
G10 – Fiesp e outros
(negociações foram por empresas no ano passado)
– Grupos com Convenção Coletiva válida até 2022
G2 – Sindimaq e Sinaees
(máquinas, aparelhos elétricos, eletrônicos)
G3 – Sindipeças, Sindiforja e Sinpa
(autopeças, forjaria e parafusos)
Sindicel
condutores elétricos, trefilação e laminação de metais não ferrosos
Sindratar
refrigeração, aquecimento e tratamento de ar
Fundição