Organização Internacional do Trabalho pede mobilização geral para conter o desemprego
De acordo com a OIT, a crise do desemprego pode durar de quatro a cinco anos a mais que a crise econômica. Segundo as previsões, haverá 59 milhões de desempregados a mais no fim deste ano em relação ao fim de 2007
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) pediu nesta segunda-feira que os governos se mobilizem para adotar sem demora medidas em favor do emprego.
“O mundo não pode deixar a criação de empregos para depois da recuperação econômica”, declarou o diretor do secretariado da OIT, Juan Somavia, ao inaugurar uma minicúpula sobre o emprego, reunindo chefes de Estado e de governo, entre eles os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Nicolas Sarkozy.
De acordo com a organização, a crise do desemprego pode durar de quatro a cinco anos a mais que a crise econômica. Segundo as previsões, haverá 59 milhões de desempregados a mais no fim deste ano em relação ao fim de 2007.
Para limitar esta tendência, “é preciso iniciar urgentemente um movimento de maior convergência” entre os países, afirmou Somavia, expressando a esperança de que a cúpula “permita mobilizar uma liderança para derrotar esta crise e traçar um caminho para uma globalização justa que ofereça oportunidades de trabalho decentes a todos”.
O secretariado de Somavia, o Birô Internacional do Trabalho (BIT), preconiza a instauração de um “Pacto mundial para o emprego”, destinado a colocar as questões do emprego e da proteção social no centro dos gigantescos planos de recuperação previstos pelas maiores economias mundiais.
Lula defendeu na manhã desta segunda-feira, em Genebra, uma nova ordem econômica mundial, criticando com veemência os paraísos fiscais e a especulação financeira.
“Não podemos viver com paraísos fiscais, não podemos continuar vivendo com um sistema financeiro que especula, que vende papel sem produzir, sem criar um único emprego, um único sapato, uma única gravata”, clamou Lula diante dos 183 membros do OIT, recebendo uma sonora ovação.
Sarkozy, por sua vez, pediu um reforço do papel da OIT ante as grandes instituições financeiras, como o FMI, o Bird e a OMC.
“É necessário que a OIT possa ter o que dizer ante a OMC, o FMI e o Banco Mundial”, afirmou Sarkozy.
O dirigente francês insistiu na dimensão social da crise, que segundo o BIT ainda não foi combatida o suficiente.
De fato, os planos de recuperação dos governos são essencialmente orçamentários, dedicando apenas 10% a 15% das despesas previstas às medidas sociais.
Em suas previsões mais sombrias, baseadas na contração da economia mundial de 1,3% prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o escritório da OIT aposta num número recorde de desempregados este ano, de 210 a 239 milhões de pessoas em todo o planeta, ou seja, uma taxa de desemprego mundial de 6,8% a 7,4%.
Para o BIT, esta situação constitui uma verdadeira ameaça, e apresenta “riscos importantes” de desestabilização política”.
“Já constatamos sinais de tumultos sociais ligados à crise econômica”, explicou recentemente o BIT, defendendo “a solidariedade dentro e entre os países” com “uma maior atenção à dimensão humana” para combater os efeitos da crise.
A mini-cúpula sobre o emprego, que reúne até quarta-feira ministros do Trabalho e representantes sindicais, é o ponto alto da 98ª Conferência anual da OIT, que vai até o dia 19 de junho.
Da France Presse