Organização social, caminho para o desenvolvimento

Através da reestruturação produtiva, máquinas mais modernas e automatizadas foram introduzidas nas empresas, novos materiais passaram a ser utilizados e, mudanças importantes ocorreram na organização do trabalho e da produção. Com isso, as empresas obtiveram ganhos de qualidade em seus produtos e competitividade no mercado.

Os trabalhadores, ao invés de poderem usufruir os benefícios da introdução das novas tecnologias, como a redução do esforço físico e a libertação de um trabalho penoso, foram condenados à intensificação de seu trabalho.

As empresas apostaram na demissão de grande parte de seu quadro de funcionários para reduzirem os custos de produção e aumentarem a produtividade. Extinguiram várias funções e criaram o trabalhador multifuncional.

Um único trabalhador passou a ter várias atribuições diferentes, com menos pausas para descanso e aumento de responsabilidade sobre a quantidade e a qualidade daquilo que produz. Foi treinado para realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Passou a identificar erros que comprometem o processo produtivo para agilizar a produção, a fazer serviços de manutenção e limpeza, a controlar o seu trabalho e de seus companheiros, a sugerir melhorias continuamente e, a cumprir metas de qualidade e produtividade.

Com as demissões dos companheiros e com a manutenção da jornada de trabalho e horas-extras, houve uma degradação das condições de trabalho e uma piora na qualidade de vida do trabalhador.

Assim, além de trabalhar mais em troca do mesmo salário, o trabalhador começou a sentir os impactos das mudanças nas relações de trabalho cada vez mais precocemente.

Doenças relacionadas à fadiga e stress, como insônia, doenças cardíacas e digestivas, ansiedade, impotência sexual, maior consumo de álcool e tranqüilizantes, tornaram-se freqüentes.

As doenças do trabalho, por sua vez, começaram a ganhar maior dimensão, incrementando as estatísticas oficiais. Passaram a acometer trabalhadores cada vez mais jovens, muitas vezes comprometendo até seu futuro profissional.

Apesar de tantos prejuízos para a qualidade de vida dos trabalhadores, existe uma forte corrente ideológica no Brasil que defende a flexibilização das relações de trabalho, culpando os sindicatos pelo deslocamento das empresas para outros estados ou municípios, até mesmo para outros países, como se as garantias trabalhistas fossem um obstáculo para o desenvolvimento industrial.

De acordo com esse pensamento, os direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo dos anos apenas dificultariam a contratação de novos funcionários, já que tornariam as empresas menos competitivas.

Essa situação faz-nos refletir sobre algumas questões que podem determinar o nosso futuro:

· Na presença de um sindicato organizado e atuante, não existe trabalho escravo e predatório. Os trabalhadores recebem salários melhores e têm mais condições de inserção no mercado. O resultado disso é o desenvolvimento industrial e social.

· A flexibilização das relações de trabalho piora a qualidade de vida. Sozinho, o trabalhador não tem como lutar contra a ameaça do desemprego e contra condições precárias de trabalho.

· Com a reestruturação produtiva, as empresas aumentaram sua competitividade e baixaram seus custos de produção. Há algumas multinacionais no Brasil, cuja taxa de lucro é a maior do mundo, mesmo com baixa participação no mercado internacional, e é por isso que estas empresas permanecem em nosso país.

· Os sindicatos não são um obstáculo ao desenvolvimento e nem podem ser responsabilizados por eventuais mudanças das empresas para outros estados ou países. As empresas sempre permanecerão aonde for mais estratégico ou lucrativo.

· Se a sindicalização fosse realmente ruim, não haveria sindicatos patronais, federações industriais, associações de empresários para constituir uma representação mais forte e organizada na defesa de seus inte