Os 13 presidentes que antecederam Moisés Selerges
Lino Ezelino Carniel (12/05/1959 a 26/08/1959)
A participação no movimento sindical de Lino Ezelino Carniel começa em 1956 na empresa Tognato, em Santo André. “Quando começamos, andávamos a passo de tartaruga, hoje a marcha é de gigantes”, afirmou o dirigente na primeira edição da Revista Ligação, em 1989. Em depoimento ainda ao livro ‘Imagens da Luta 1905-1985’, Lino comenta o início da Associação. “O começo foi bastante difícil, com muita perseguição. Muitos foram dispensados, inclusive eu, já trabalhador na Mercedes”, afirma.
Anacleto Potomatti (1959 a 1965)
Já presidente do Sindicato, o trabalhador na Mercedes Anacleto Potomatti e toda a Direção enfrentam a primeira intervenção em 1964. Na noite de 31 de março, o Sindicato é invadido e depredado. Os sindicalistas presentes no local ouvem pelo rádio notícias sobre o golpe. Assim, abandonam o prédio que, logo depois, é invadido com a participação das forças policiais. O vigia do Sindicato é espancado, acontece depredação inclusive da maquete da futura Sede. Anacleto Potomatti é perseguido, preso, espancado e fica cerca de 15 dias detido no DEOPS. Depois dessa experiência e com dificuldades em arranjar emprego na região, parte para Barra Mansa, no Rio de Janeiro, onde morre alguns anos depois.
Afonso Monteiro da Cruz (1965 a 1969)
É presidente por duas gestões e também por seis meses da Junta Governativa, em 1981, que comanda o Sindicato durante a intervenção. “Acho que minha passagem pelo Sindicato, talvez por ironia do destino, foi marcada pela repressão. Quando assumi em 1965, o Sindicato tinha acabado de sair da sua primeira intervenção, um ano após o golpe militar”, conta Afonso na primeira edição da Revista Ligação em 1989. “O pior momento foi após o golpe, quando o Sindicato, por força da situação, era só decorativo. Não se podia ter discussão de caráter político-sindical. Nas fábricas, víamos o medo nos rostos dos trabalhadores”. Afonso trabalhou em diversas empresas metalúrgicas, dentre elas a Scania.
Paulo Vidal Neto (1969 a 1975)
Mandrilhador na Molins, Paulo Vidal assume a presidência do Sindicato em 1969, onde já encabeçava a chapa contendo lideranças como Exupério Cardoso Campos, Nelson Campanholo, Luiz Inácio da Silva – ainda sem a alcunha Lula –, João Justino de Oliveira, dentre outros importantes nomes. “Nossa diretoria decidiu lutar pela liberdade e autonomia sindical para negociar coletiva e diretamente com o empresariado e pelo direito de greve”, afirma Vidal. Em 1976, a Molins mudou-se para Mauá e eu entendi que deveria me desligar do Sindicato. Rubens Teodoro de Arruda, o Rubão, que era vice-presidente, indicou Lula para assumir minha função, que relutou um pouco, mas acabou aceitando o cargo”.
Luiz Inácio Lula da Silva (1975 a 1981)
“Quando assumi pela primeira vez a presidência do Sindicato, eu sabia que contaria com a força de uma categoria capaz de mudar os rumos do sindicalismo brasileiro. Os pequenos gestos de resistência dentro das fábricas eram tratados na ponta das baionetas. Prevalecia no País o AI-5, a lei dos quartéis. E foi daqui, da boca dos metalúrgicos, que o País ouviu o primeiro grito de guerra que fez mudar a correlação de forças da luta: a categoria cruzou os braços e se fez presente no cenário político do Brasil. O impulso que a categoria empreendeu na luta pela democracia foi fundamental para a derrota do regime militar e
determinante para indicar o caminho da emancipação política da classe trabalhadora”, conta o presidente. Conheça a biografia de Lula.
Jair Meneguelli (1981 a 1987)
Com o Sindicato controlado pela Junta Governativa, Jair Meneguelli encabeça a Chapa 1 que reforça sua representatividade política construída a partir de uma greve na Ford em julho de 1981. Esta greve conquista a primeira Comissão de Fábrica em uma montadora na categoria. Em 1983, enfrenta a quarta e última intervenção e, no mesmo ano, funda em 28 de agosto a Central Única dos Trabalhadores como primeiro presidente da CUT. Jair formou-se ferramenteiro pelo SENAI em 1963. Participou ainda da fundação do PT. Esteve na presidência da CUT nos anos de 1983 a 1994. Em 1995 candidatou-se a deputado federal pelo PT em São Paulo, sendo reeleito em 1999. Por indicação do presidente Lula, em 2003, foi o primeiro trabalhador a ocupar a presidência do Conselho Nacional do SESI (Serviço Social da Indústria), onde permaneceu até 2015.
Vicente Paulo da Silva (1987 a 1994)
“Quando cheguei de Acari, no Rio Grande do Norte, em 1976, jamais imaginei que iria integrar a diretoria deste Sindicato, mas em 1979 eu já estava totalmente comprometido com a luta da categoria. Sócio desde 1977, trabalhei na Mercedes e em 1981 fui convidado por Djalma Bom para a nova diretoria do Sindicato. Fui vice-presidente de Jair Meneguelli e, com toda a sua diretoria, fui cassado na intervenção de 1983. Na convenção para a escolha da nova direção em 1984, os metalúrgicos mais uma vez quebraram as leis autoritárias do Estado e escolheram quatro cassados para a chapa – Jair Meneguelli, Lula, eu e José Cândido Pereira. E, em 1987, fui escolhido, por unanimidade, para presidir o Sindicato”. Em 1994, Vicentinho deixa a presidência para assumir a da CUT Nacional.
Heiguiberto Della Bella Navarro (1994 a 1996)
Com a saída de Vicentinho para assumir a presidência da CUT Nacional em junho de 1994, Heiguiberto Della Bella Navarro, o Guiba, assume o Sindicato. O dirigente é admitido na Ford desde 1967. Ajuda a conquistar a primeira Comissão de Fábrica na categoria em 1981. Participa das greves de 1979 e 1980 pela Comissão de Mobilização. No Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é secretário-geral no mandato 1984/1987 e vice-presidente nos mandatos 1987/1990 e 1990/1993. No período de 1994 a 1996, assume a presidência da entidade. Membro da executiva no mandato 1996/1999 e do CSE 1999/2002. Presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT em 1990. Em 2003, é indicado Delegado Regional do Trabalho de São Paulo.
Luiz Marinho (1996 a 2003)
Trabalhador na Volkswagen desde os anos 1970, Luiz Marinho participa do movimento sindical assim que entra na fábrica. Em 1984, é eleito tesoureiro do Sindicato com a Chapa 1 eleita pelo movimento “Ói nois aqui otra vez”, durante a última intervenção. Nas gestões seguintes, assume os cargos de secretário-geral e vice-presidente até ser eleito em 1996 pela categoria como o nono presidente. Marinho ainda é reeleito por mais dois mandatos, mas em junho de 2003 deixa a Direção para assumir a presidência da CUT Nacional. Dentre suas ações, estão a luta contra as demissões no setor automotivo em 1998, como as dez mil anunciadas na Volks e 2.800 na Ford. Em 1999, comanda o primeiro processo eleitoral dos Comitês Sindicais de Empresas que muda a forma de organização dos Metalúrgicos do ABC. Desde o início de 2023, segue como ministro da pasta Trabalho e Emprego do Governo Federal.
José Lopez Feijóo (2003 a 2008)
José Lopez Feijóo assume em junho de 2003 a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em substituição a Luiz Marinho, eleito presidente da CUT. O dirigente inicia sua trajetória no movimento sindical na Comissão de Fábrica dos Trabalhadores na Ford, em 1982, passa pela secretaria-geral da CUT Estadual São Paulo, onde também é eleito presidente por três mandatos (1992 a 2000) até voltar ao Sindicato onde ocupa a vice-presidência. Em 2005, é reeleito com o desafio em interferir cada vez mais nos organismos de representação regional, defendendo propostas de desenvolvimento econômico e inclusão social.
Sérgio Aparecido Nobre (2008 a 2012)
Em abril de 2008, o trabalhador na Mercedes, Sérgio Nobre, é eleito presidente do Sindicato com resultado expressivo nas urnas. Em sua trajetória, ainda aprendiz do Senai em 1980, ingressa na Scania. Seis anos depois entra na Mercedes-Benz. Na montadora, foi eleito à CIPA e Comissão de Fábrica, instância que coordenou por dois mandatos seguidos. Também coordenou o Setor Automotivo da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT. Foi eleito e reeleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em 2008 e 2011. Antes, coordenou a Regional Diadema e a Secretaria de Organização. Integrou Conselhos e instâncias tripartites criados nos governos Lula e Dilma como representante da classe trabalhadora. É um dos 38 sócios-fundadores do Instituto Lula. Em julho de 2011, Nobre é eleito secretário-geral e, depois, presidente da CUT Nacional.
Rafael Marques (2012 a 2017)
Ao assumir em novembro de 2012 a direção do Sindicato, Rafael Marques, trabalhador na Ford desde 1986, garante comprometimento no projeto dos metalúrgicos na preservação de empregos e ampliação de renda. Luta que se estende até 2017 em sua última gestão. Eletricista de manutenção, em 1987 já militava pelo Partido dos Trabalhadores. Em 1989, participa da greve geral contra o arrocho econômico imposto pelo governo Sarney. No ano seguinte, toma parte da greve dos 51 dias dos Golas Vermelhas na Ford e é demitido por causa do movimento. Em 1991 é eleito cipeiro na montadora, início do caminho que o leva à Comissão de Fábrica e ao Comitê Sindical de Empresa na montadora. No Sindicato, é diretor de base e secretário-geral, com participações importantes em negociações na categoria.
Wagner Firmino de Santana (2017 a 2022)
Na Volkswagen desde novembro de 1984 e sócio do Sindicato apenas dois meses depois, Wagner Firmino de Santana, o Wagnão, é eleito para a CIPA em 1987 e 1996. Na Comissão de Fábrica, atua a partir de 1988. Demitido na greve de 1991, é reintegrado no mesmo ano pela mobilização dos companheiros na empresa. Dos passos até a presidência dos Metalúrgicos do ABC em 2017, segue como integrante do Comitê Mundial dos Trabalhadores na Volks em 1998, coordenador do Comitê Sindical de Empresa em 1999, presidente do Dieese em 2005 e secretário-geral de 2008 até ser eleito presidente em 2017.
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