Os 40 anos do golpe que sangrou o Brasil: O Parlamentarismo que ninguém queria
Os janguistas defendiam as reformas de base (agrária, bancária, fiscal, urbana, tributária, administrativa e universitária) para permitir um desenvolvimento econômico autônomo e o estabelecimento da justiça social .
Apoiaram as reformas as Ligas Camponesas, a União Nacional dos Estudantes, sindicalistas do CGT, políticos da Frente Parlamentar Nacionalista, grupos de cultura popular e setores da Igreja Católica progressista. Era a chamada esquerda.
Já o pessoal da ESG, IPES e IBAD defendia que o desenvolvimento econômico do Brasil deveria processar-se através de uma internacionalização profunda da economia nacional e era contra a participação popular no poder, que vinha crescendo nos últimos anos.
A solução encontrada para Jango assumir foi transformar o Brasil em uma república parlamentarista, colocando Tancredo Neves como primeiro-ministro. Na teoria, as forças progressistas estariam contempladas com a posse de Jango e os conservadores a aceitavam porque o poder do presidente seria reduzido, como acontece no parlamentarismo.
Em janeiro de 1963 o parlamentarismo foi derrubado e Jango adquiriu poderes plenos como presidente. A partir daí, acirra-se o processo que culminou no golpe.
>> Herança
Jango enfrentava as contradições econômicas e políticas herdadas do governo Juscelino Kubstcheck, que colocou o País em desenvolvimento graças ao aumento da dívida externa e desvalorização salarial, mas sem resolver o problema da miséria e da distribuição de terra.
Os movimentos populares cresciam e, em outubro de 1962, as eleições apontaram a vitória dos partidos progressistas, liderados pelo PTB de Jango. Fotalecido, Jango tentou negociar as reformas com o maior partido da direita, o PSD, mas foi criticado pelos dois lados.
Os progressistas acreditavam que poderiam realizar as reformas sozinhos, sem alianças com os conservadores. Os conservadores, por sua vez, não aceitavam o programa reformista do presidente. Goulart passou a ser chamado de comunista pela imprensa, políticos de direita, latifundiários, empresários e militares golpistas. Isolado, o presidente tentou atrair as esquerdas.