Os escombros não revelados da ditadura militar
Foi lançado nesta semana o livro “O Brasil contra a Democracia. A Ditadura, o Golpe no Chile e a Guerra Fria”.

O livro é resultado de uma extensa pesquisa, iniciada em 2013, quando o autor Roberto Simon escreveu uma série de dez reportagens por ocasião dos 40 anos do golpe militar no Chile, que depôs o presidente Salvador Allende.
A partir de então, o autor mergulhou, durante sete anos, em vários arquivos no Chile, no Brasil e nos Estados Unidos, garimpando milhares de documentos, muitos deles inéditos, completados com dezenas de entrevistas que traçam um detalhado quadro do apoio vital da ditadura brasileira à recém instaurada ditadura chilena, comandada pelo general Pinochet.
O Brasil fez questão de ser o primeiro país a reconhecer o governo golpista. Segundo o autor, mesmo correndo o risco de ser criticado por outros países, a ditadura brasileira, comandada pelo general Médici, teve um papel decisivo no apoio diplomático ao golpe no Chile. Acionou o embaixador brasileiro na ONU (que chegou a escrever o primeiro discurso do embaixador chileno) e intercedeu nas embaixadas de vários países buscando apoio diplomático e econômico à ditadura chilena.
O apoio econômico, por meio de um empréstimo de 220 milhões de dólares, também teve papel fundamental na superação da enorme crise econômica enfrentada pela junta militar no primeiro ano de governo. Não faltou também boa vontade da ditadura brasileira em oferecer toneladas de alimentos, remédios e armas aos novos aliados, revela o autor.
Em tempos em que o presidente e seus filhos enaltecem a ditadura brasileira falsificando o passado, revelar os escombros ocultos da história política em nosso país é uma importante contribuição à luta contra o autoritarismo e à defesa da democracia no Brasil e na América Latina.
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