Os negros no mercado de trabalho
No dia 20 de novembro de 1695, morria Zumbi dos Palmares, o maior líder da resistência anti-escravista nas Américas. Assim, o dia que marca seu “ingresso na História” foi escolhido como o Dia Nacional da Consciência Negra. A luta de Zumbi contra a discriminação racial permanece ainda hoje como um dos maiores desafios para a sociedade.
O Brasil não se reconhece como um País racista. Devido ao processo de convivência cordial em que vivem os brasileiros, o racismo é camuflado. No entanto, há muitas evidências do processo de discriminação dos negros (homens e mulheres), principalmente no mercado de trabalho.
Em recente edição especial, o Diesse trouxe uma vez mais vários indicadores desta discriminação. Por exemplo, o ingresso precoce no mercado de trabalho dos jovens negros, com idade entre 10 e 17 anos, é significativo, principalmente em São Paulo (23,2%).
Em 1999, a população negra ocupada possuia os mesmos anos de estudo que a população parda, mas o rendimento médio em salários mínimos dos primeiros era menor: 2,43 contra 2,54. Os brancos possuem, em todas as regiões, mais anos de estudo do que os negros.
Além disso, a taxa de desemprego é bem maior para a população negra em todas as regiões metropolitanas. Essas taxas são também mais elevadas em praticamente todos os graus de escolaridade.
No caso da mulher negra, a situação é ainda pior. Em todas as regiões pesquisadas, a população de mulheres negras apresentou maior taxa de desemprego que a de mulheres não-negras, sendo que em Salvador esta taxa chegou a alcançar 31,2%. Seus rendimentos são os mais baixos do mercado de trabalho.
Para reverter esta situação, um bom começo é falar abertamente sobre a discriminação, democratizando a questão. As práticas discriminatórias estão embutidas e camufladas no cotidiano dos brasileiros. É preciso combatê-la por meio da informação, conscientização e sensibilização das pessoas, e em alguns casos, do emprego de medidas compensatórias que se mostrem capazes de corrigir as desigualdades.