Os recalls da indústria automobilística

Recentemente, a maior montadora do mundo, a Toyota, pressionada por uma série de acidentes envolvendo um defeito nos pedais do acelerador de seus principais modelos, convocou nos últimos quatro meses um dos maiores recalls da história do setor automotivo. Foram 8,5 milhões de carros no mundo, com 12 modelos envolvidos.
No Brasil, outra montadora japonesa, a Honda, convocou 186,9 mil proprietários do New Fit para ajuste no sistema do vidro elétrico. E houve outros casos, como o da Volkswagen, que convocou os donos do novo Gol e Voyage para inspecionar rolamentos das rodas traseiras.
Recall, em inglês significa “chamar de volta”. Só para entender, recall é uma solicitação de devolução ou correção de falhas em um lote ou uma linha inteira de produtos feita pelo fabricante. Geralmente, isto ocorre com a descoberta de problemas relativos à segurança do produto.
Segundo especialistas, uma das justificativas para esse fenômeno no Brasil seria o aumento das vendas de veículos nos últimos anos sem o equivalente investimento para o atendimento da demanda. Com o “boom” de crescimento que o setor vem vivendo nos últimos anos, montadoras e fornecedores tem ampliado rapidamente sua capacidade produtiva o que em muitos casos pode comprometer a qualidade dos componentes.
Além disso, a intensificação da terceirização na cadeia automotiva e principalmente o aumento da importação de componentes, são elementos que precisam ser observados com mais atenção, pois, também, podem estar comprometendo a qualidade do produto final.
A preocupação das montadoras com a preservação de sua imagem e os riscos para evitar multas e processos são motivos fortes para promover um recall, mas deveriam ser, também,  motivadores para a reavaliação de muitos paradigmas que se estabeleceram na produção e nos manuais administrativos.