PAC é principal aliado do governo no combate à crise, afirma Instituto de Pesquisa Econômica

Pochmann afirmou que o Brasil já conseguiu superar a política neoliberal, que durante anos sucateou o Estado brasileiro, mas disse que ainda não se conseguiu estabelecer um modelo substituto

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, fez um balanço nesta terça-feira (17) dos reflexos da crise econômica mundial no Brasil. Ao dialogar com parlamentares da coordenação da bancada do PT na Câmara, Pochmann afirmou que as medidas adotadas pelo governo Lula para combater os a crise são estratégicas. No entanto, segundo o dirigente, o maior aliado do governo na resistência à crise é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em vigor há dois anos.

“O Brasil vem adotando medidas inteligentes para combater a crise. Mas o fator de maior impacto neste processo é, sem dúvida, o PAC, em pleno funcionamento há dois anos. São estes investimentos que estão assegurando ao País sustentabilidade para enfrentar essa crise”, afirmou Pochmann. Outro fator determinante para o Brasil, segundo o economista, é o fortalecimento do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). “O Brasil tem o segundo maior banco nacional do desenvolvimento do planeta. Perdemos apenas para a China. Esse é um grande diferencial em relação aos Estados Unidos, por exemplo, que não possui uma instituição financeira com este propósito”, afirmou.

Pochmann afirmou que o Brasil já conseguiu superar a política neoliberal, que durante anos sucateou o Estado brasileiro, mas disse que ainda não se conseguiu estabelecer um modelo substituto. “O neoliberalismo se suicidou, mas ainda não conseguimos estabelecer um novo modelo. O desafiou agora é estabelecer novos paradigmas. Temos que repensar a estrutura do Estado brasileiro”, destacou. De acordo com o economista, no regime neoliberal as soluções para combater crises econômicas eram a redução do papel do Estado, o que contribuía ainda mais para ampliar os efeitos da crise. No governo Lula, segundo Pochmann, as soluções são opostas.

Consumismo x meio ambiente
Segundo Pochmann, não é mais possível manter o padrão de consumo capitalista do planeta frente às limitações do meio ambiente. “Para continuarmos com esse padrão de consumo, onde o mundo produz milhões de veículos e constrói casas enormes que funcionam como verdadeiros depósitos do consumismo, precisaríamos de mais três ou quatro planetas”, alertou. Pochmann alerta que o mundo está à beira de uma catástrofe ambiental.

Pochmann criticou o modelo das instituições financeiras do Brasil e do mundo. Segundo ele, o setor é o principal responsável pela crise. “Temos um sistema bancário que dificulta a fiscalização dos governos. Além disso, no modelo atual, os bancos acabam ocupando um papel mais importante que os governos, que em geral dependem de financiamentos bancários para vencer os pleitos eleitorais. Temos que inverter essa lógica. Como um governo vai promover mudanças no sistema bancário, se eles acabam sendo mais fortes do que o próprio Estado?”, indagou Pochmann.

O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP),idealizador do encontro, ressaltou a importância do debate para o enfrentamento a longo prazo da crise. De acordo com Vaccarezza, é indispensável que a bancada do PT na Câmara, principal partido de sustentação do governo Lula, avance nos debates sobre temas de interesse do País. A idéia, segundo o parlamentar, é promover encontros semelhantes com gestores de outras áreas do governo.

Do www.informes.org.br