Padilha exclusivo: ABC terá novas faculdades de medicina

“Vencemos o debate contra uma reação truculenta”, diz Padilha

Em entrevista exclusiva à Tribuna Metalúrgica, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a criação de novas faculdades com cursos de medicina no ABC e o financiamento do governo federal para a formação destes profissionais.

Padilha destacou ainda outros investimentos que o Ministério fará na região, como postos de saúde, Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs, e hospitais, para acelerar os atendimentos da população no Sistema Único de Saúde, o SUS.

Tribuna Metalúrgica – Existe algum des­dobramento do Mais Médicos?

Alexandre Padilha – O Mais Médicos é um primeiro passo extremamente corajoso que vai provocar e exigir outras mudanças na área da saúde. Com a vinda destes médicos, vamos ter que ampliar os postos de saúde e equipá-los, como já fazemos no ABC.

O programa trará novos hospitais, como o Hospital das Clínicas, que será inaugurado em São Bernardo. Teremos serviços de radioterapia que também será implantado no Mário Covas, em Santo André, além da reforma do Nardini, em Mauá. Daremos apoio aos hospitais filantrópicos e às Santas Casas com mais recursos do Ministério da Saúde.

Estas unidades servirão de retaguarda para a região. Até a chegada dos médicos, são iniciativas importantes para organizar a estrutura e também ver quais os medicamentos e os exames que a po­pulação da região mais precisa.

TM – Existem novidades para o ABC?

Padilha – O Brasil precisa dar mais oportu­nidade aos jovens que desejam ser médicos. Com o Programa, abriremos mais faculdades de medi­cina no ABC e daremos mais oportunidades aos jovens daqui.

Já existe uma norma dos Ministérios da Saúde e da Educação na qual o governo financia todos os custos do curso de medicina. Se esse estudante depois de formado médico for atuar no SUS, onde mais precisamos dele, o trabalho vai quitar a dívi­da que ele fez com o Ministério da Saúde e com o MEC. Independente disso, ele ganhará seu salário do município ou do Estado.

TM – O Mais Médicos atingiu seus obje­tivos?

Padilha – Começamos muito bem porque vencemos o debate de que o Programa resgata a essência da criação do SUS, que é dar saúde à po­pulação que mais precisa, na frente de qualquer outro interesse.

O Ministério da Saúde fez isso porque vemos, por exemplo, em São Bernardo, o esforço e o traba­lho que o prefeito Luiz Marinho faz para reformar, equipar, construir novas unidades de saúde e, de­pois, não conseguir médicos para trabalhar nelas.

TM – Como o senhor encarou a reação da sociedade e de alguns médicos no início?

Padilha – Quando nós lançamos o Mais Mé­dicos, eu tinha certeza absoluta que a maior parte da população brasileira, que não tem médicos, nos apoiaria, como a mãe que leva o filho ao posto de saúde em uma manhã e, quando chega, o médico não está, pois o posto não consegue ter este médico para atender quem precisa.

TM – Houve algum outro fato?

Padilha – Também ajudou a ganhar o deba­te com uma parcela ainda maior da sociedade a reação arrogante, truculenta, preconceituosa, até xenófoba, de algumas lideranças médicas que certamente não representam o sentimento do povo brasileiro nem da maioria dos médicos brasileiros.

Eu, na condição de médico, sei que não existe nada mais angustiante do que estar em um pronto socorro e ter que parar o atendimento de um caso grave para atender um caso bastante simples, que poderia ser resolvido em um posto de saúde se houvessem médicos lá.

TM – Existe algum projeto no SUS para que o atendimento seja mais rápido?

Padilha – O grande diferencial para redu­zir o tempo de espera são as UPAs, que estão sendo criadas e estruturadas no ABC. As UPAs ocuparão uma lacuna que existe no SUS entre o posto de saúde e o atendimento de urgência no pronto socorro.

De cada 100 pessoas que precisam ir ao pron­to socorro, 97 resolvem seus problemas na UPA 24 horas. Com isso, ganha quem mora perto da UPA e ganha ainda mais a cidade inteira porque reduz a fila no pronto socorro e assim conseguimos ace­lerar o atendimento para toda a população.

TM – O SUS ainda precisa ser melhorado?

Padilha – Temos ainda um longo caminho a percorrer. Não é possível fazer saúde sem um profissional formado e capacitado, que conheça a realidade e que atenda onde está a maior parte do povo brasileiro.

O governo Luiz Marinho construiu em quatro anos a UPA. Para formar um médico seriam seis anos; para ter este médico como especialista, mais dois anos.

Por isso, precisávamos ter a coragem que ti­vemos para enfrentar este problema crítico que é a falta de médicos à atenção básica de saúde no nosso País e abrir vagas em cursos de medicina aos nossos jovens.

TM – 2013 foi marcado por manifestações em todo o País. Para o governo Dilma o pior já passou?

Padilha – As manifestações foram boas para o governo Dilma porque toda a vez que o povo vai às ruas para pedir mais educação, mais saúde, mais transporte coletivo, o que o povo pede, na verdade, são mais políticas públicas para quem mais precisa.

Isso é bom para o governo Dilma e o projeto nacional que estamos construindo. Além disso, a presidenta, diferente de vários outros governos, está dando respostas à altura.

Após as manifestações, a presidenta Dilma conseguiu aprovar os royalties do petróleo para a saúde e a educação, a implantação dos Mais Mé­dicos e está fazendo investimentos importantes em metrôs e mobilidade urbana, inclusive para o ABC.

Da Redação