Palavra do Feijóo: Um Brasil melhor para os trabalhadores

>> Como foi 2003?

Começamos o ano com um fato que tomou os corações
e mentes do Brasil: a posse de um trabalhador na Presidência da República,
acontecimento inédito em nossa história e que orgulha os metalúrgicos do ABC. Só
não sabíamos que era tão grande o estrago provocado pelas políticas neoliberais
dos governos anteriores. Heranças difíceis de administrar, que fizeram desse ano
um período de grandes dificuldades. Houve um momento em que tudo apontava que
nada haveria de positivo. Mas, apesar dos problemas, vemos hoje o Brasil
lentamente dar passos em direção do crescimento. As contratações na indústria
paulista são uma prova disso. As negociações de igual para igual na Alca e a
política externa independente outro exemplo. O melhor é que a população
compreende o esforço do companheiro Lula, como mostrou a última pesquisa de
opinião onde ele obteve 70% de aprovação. Mesmo assim o povo ainda passa muitas
dificuldades e a renda dos trabalhadores caiu muito nos últimos anos. Esses são
os grandes componentes da crise que vivemos.

>> E para a
categoria?

Começamos bem. Pela primeira vez a Uniforja exportou,
mostrando que as cooperativas são uma solução correta. No mais, enfrentamos
grandes problemas. Durante três meses travamos um duro combate com a Volks, que
apresentou o projeto Auto Visão e apontou 4.000 excedentes, sendo 1.923 em São
Bernardo e 2.010 em Taubaté. Em seguida entramos na campanha salarial num
momento de crise no mercado e com 60% das categorias sem ter alcançado, sequer,
a reposição da inflação. Fomos à luta e conseguimos uma política emergencial
que, junto com as seguidas quedas nos juros, estimulou as vendas no setor
automotivo e retomou crescimento da produção. Isto, aliado à disposição luta dos
trabalhadores que protestaram, entraram em greve e realizaram outros movimentos,
nos permitiu uma das melhores campanhas salariais do País em todo o ano e que se
tornou referência nacional para as demais categorias. Tivemos ainda a eleição do
companheiro Luiz Marinho para a Presidência da CUT, onde ele provocou o primeiro
acordo nacional em que trabalhadores debatem taxas de juros – sempre lembrando
que é para facilitar a troca de dívidas caras por dívidas baratas. Finalmente,
voltamos a parar a Via Anchieta em defesa da correção da tabela do Imposto de
Renda. Isso mostra que os metalúrgicos do ABC, embora apóiem e torçam pelo
sucesso do governo, não hesitam em agir de forma independente, reivindicar o que
acham justo mesmo quando o governo aponta em outra direção. E ainda definimos o
modelo de sindicato que queremos em nosso 4º Congresso.

>> Quais os
desafios para 2004?

Tudo indica que a recuperação econômica prosseguirá.
Esperamos que os Fóruns de Competitividade sejam capazes de produzir propostas
para uma política industrial. Participamos do que trata do Setor Automotivo e
vamos trabalhar fortemente para nossas propostas na área – tais como renovação
de frota – sejam implantadas o mais rápido possível, apontando, a partir daí,
uma política de crescimento que ocupe a capacidade que, de forma equivocada, as
montadoras instalaram no Brasil. Como consequência, esperamos que as empresas se
preocupem agora em produzir modelos adequados para o mercado nacional e que
atendam os diferentes segmentos da população.

>> Alguma
mensagem?

Agradecer a categoria que, mais uma vez, nos momentos mais
difíceis, demonstra seu grau de organização, de garra, de capacidade de luta e
consegue acordos que se tornam referência no Brasil. E pela solidariedade
demonstrada pelos companheiros, com a doação das 500 cisternas para a população
do semi-árido nordestino, em cinco cidades de três Estados. Para este pessoal eu
desejo um feliz Natal, um ano novo excelente e que possamos estar ampliando essa
mesma disposição de luta e de coragem para ajudar a construir um Brasil melhor
para os próprios trabalhadores.