Palestras no seminário do Inovar-Auto destacam visão de futuro do programa
As conferências do Seminário Inovar-Auto: Desafios e Oportunidades para a Região do Grande ABC destacaram a visão de futuro que o novo regime automotivo trouxe para os envolvidos na cadeia do setor.
No evento promovido pelo Sindicato, empresários, trabalhadores, universidades e poder público na última quarta-feira, os palestrantes expuseram seus planos para investimentos em mais tecnologia e suas apostas em um novo tipo de veículo produzido no Brasil, mais barato, menos poluente e mais seguro.
Confira abaixo o que eles disseram no encontro.
Thomas Schmall, presidente da Volks
No comando brasileiro da montadora desde 2006, Schmall apresentou um histórico da empresa no País, desde a fundação há 60 anos, comparando o crescimento da indústria automotiva brasileira com a trajetória da fábrica.
“Nesse tempo todo progredimos muito e 2012 foi o melhor de nossa história aqui”, disse.
As previsões do executivo são de mais crescimento da economia interna, impulsionado pela distribuição de renda e pelo surgimento da nova classe média.
“Além disso, o Brasil empurra o desenvolvimento dos países vizinhos de forma conjunta, o que é positivo para o continente”, avaliou Schmall.
Depois dos elogios, o presidente da Volks aproveitou o espaço para criticar o que chamou de falta de infraestrutura do País, principalmente no setor ferroviário e os chamados custos de produção. (Leia a resposta às críticas na intervenção de Heloísa Menezes)
Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford
Uma reflexão sobre o futuro, foi essa a tônica da apresentação do vice-presidente da Ford, Rogélio Golfarb, no cargo desde o ano passado.
Ele foi mais um a reforçar a aposta no futuro da indústria automotiva nacional, pontuando que ainda existe espaço para venda de veículos dentro do mercado interno. “O Brasil é um País bom de negócio, tanto que o número de marcas operando aumentou 242% nos últimos cinco anos”, comentou Golfarb.
Falando dos planos da Ford, o executivo mostrou que nos próximos anos os novos produtos que sairão da linha de montagem terão matriz energética menos poluente.
“Já temos carros assim no mercado, adotando o modelo hibrido de combustível que permite o uso de várias tecnologias diferentes, como o flex, o biodiesel e o gás natural”, explicou.
Luiz Carlos Moraes, diretor da Mercedes
Para o dirigente, a chegada do Inovar-Auto traz um novo cenário para a indústria automotiva brasileira e é positiva, principalmente no planejamento da montadora.
“A previsibilidade é um elemento crucial que vai facilitar a orientação dos nossos investimentos nos próximos anos”, afirmou Moraes.
Segundo ele, o governo federal acerta ao incentivar o investimento das empresas em pesquisa e inovação dentro das normas do novo regime.
“Aqui em São Bernardo temos um centro de desenvolvimento tecnológico com centenas de engenheiros e técnicos que se dedicam ao design dos nossos produtos”, destacou.
Ele finalizou a apresentação afirmando que o Inovar Auto só vai funcionar se as montadoras forem rápidas e precisas e que a Mercedes está entrando em um novo ciclo de investimentos.
Ricardo Abreu, vice-presidente mundial da Mahle
Representando uma empresa do setor de autopeças, Ricardo Simões de Abreu deu exemplos de como a Mahle está investindo em inovação na fabricação de seus produtos.
Ele acredita que a chegada do Inovar Auto é a oportunidade de fazer aparecerem novas ideias. “Nossa corrida é pela competitividade mundial, temos que estar preparados”, disse o vice-presidente.
O executivo mostrou quais ações a Mahle desenvolve com foco em estratégia e inovação, nas áreas de patentes de novos produtos e inteligência.
Todos esses produtos são desenvolvidos no Centro Tecnológico da Mahle, em Jundiaí, que faz também treinamento de novos trabalhadores. “Temos um prêmio chamado Mahle Jovem Talento, que estimula os novos engenheiros na empresa”, contou.
Heloísa Guimarães Menezes – Secretaria de Desenvolvimento do MDIC
A representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio apresentou em detalhes como funcionará o Inovar-Auto dentro da Política Industrial Brasileira.
“O Inovar-Auto não é uma política de proteção ao setor”, disse. Ela acrescentou que a construção do novo Regime Automotivo foi resultado de muita negociação.
Em sua explanação, Heloísa pontuou também metas do Plano Brasil Maior e rebateu as críticas de Schmall (ver primeiro quadro na página anterior) de que o País não tem uma política para resolver os problemas crônicos de infraestrutura.
“O Inovar-Auto serve para acabar com todos os gargalos que impedem que a nossa indústria avance”, afirmou.
Fausto Cestari, representante do CIESP, e José Zeno Fontana, superintendente da Finep em SP
O dirigente regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, Fausto Cestari, afirmou que o Inovar-Auto pode ajudar no planejamento das empresas em médio prazo.
Ele destacou também a iniciativa dos arranjos produtivos locais (APLs) na região. “Eles são construídos de forma coletiva, o que não é comum entre as empresas de médio e pequeno porte”, disse.
Ao final do seu discurso, Cestari afirmou que ainda existem dificuldades para conseguir investimentos em inovação. “Só empresas de lucro real, quase 7% do total do País, tem acesso a políticas de inovação”.
Em resposta, José Zeno Fontana, superintendente regional da Finep, agência brasileira financiadora de inovação, mostrou como funcionam os mecanismos para conseguir empréstimos para inovação.
Paulo Cayres, presidente da CNM-CUT
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT), Paulo Cayres, cobrou também um olhar diferenciado para as autopeças.
“Nós podemos ter autossuficiência em tecnologia na nossa indústria, fazendo tudo aqui no Brasil”, disse Paulão Cayres.
“As pequenas empresas precisam apenas de financiamento para inovar suas tecnologias e poder competir em pé de igualdade
e com o mercado externo. Temos que reverter o saldo: menos importações, mais exportações”, completou o dirigente.
Carlos Grana, prefeito de Santo André e Sivaldo Pereira, o Espirro, secretário-geral dos Metalúrgicos de Santo André
Grana valorizou a vocação que a Região tem para produzir e fabricar os melhores produtos. “Esse é o nosso combustível”, discursou.
Ele reforçou também a importância da articulação regional para tomada de decisões que valorizem a indústria.
Representando os trabalhadores na mesa final, Sivaldo Pereira, o Espirro, secretário-geral dos Metalúrgicos de Santo André, destacou a importância do evento conjunto e cobrou mais foco na formação dos trabalhadores.
“Os trabalhadores precisam sempre ter contrapartidas e é necessário trazer para o debate a formação profissional e a qualificação”, destacou.
Da Redação