Papo na fábrica
Pedro e Antonio, trabalhadores em uma metalúrgica situada na região do ABC, proseiam sobre assuntos diversos. Pedro já estava se preparando para tirar aquela soneca nos minutos que ainda lhe restavam do almoço quando ouve o seguinte comentário:
– Pedro, você se deu conta que já estamos no mês de outubro e o fim do ano está aí? Logo, logo já é Natal. E olha que maravilha, acabamos de receber aumento de salário, abono e daqui a pouco entra o décimo terceiro. Neste ano, aquela TV de LCD 42 polegadas não me escapa.
Surpreso, Pedro comenta:
– Pensei que você tivesse comprado há muito tempo. Tem mais de um ano que te vejo namorar esta TV.
Antonio sorriu com a observação do amigo e explicou:
– Pois é, meu caro. Eu estava afundado no cheque especial e no cartão de crédito. O salário que entrava só dava para cobrir o cheque especial. Porém, as contas do mês continua- vam. Eu tinha que quitá-las, entrar de novo no cheque especial e pagar o valor mínimo do cartão de crédito. Minha dívida só aumentava! No último mês tive que pagar R$ 290,00 só de juros dos R$ 2.000,00 que devia.
O que você fez, perguntou o amigo:
– Fui até o banco e renegociei o débito. Depois de muita conversa meu gerente liberou um empréstimo com juros de 3,5% ao mês, que é muito menor que os juros que eu estava pagando antes. Aproveitei este abono, que veio em boa hora, e antecipei parte do pagamento do empréstimo. Com o 13º salário, vou conseguir pagar todo o empréstimo e ainda vai me sobrar um dinheirinho para dar entrada na TV. Vou me segurar para não voltar àquele pesadelo.
Pedro se deu conta de que a sua condição, embora mais tranquila, estava se direcionando para a mesma situação do amigo, o que lhe acendeu um sinal de alerta. Levantou-se, agradeceu ao amigo pela conversa e cheio de indagações seguiu para o seu posto para terminar mais um dia trabalho.
Subseção Dieese do Sindicato